sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

LEIA OUTRO LIVRO. NÃO ASSISTA BBB. SUGESTÃO DE LEITURA


Um livro que atordoa certamente até quem matou o próprio pai sem remorsos. Leitura para quem quer sentir o peito arfando. Sentir a obsessão de não fechar o livro e ler até sua última palavra de um fôlego só. Sentir-se humano em todas as dimensões sem a repressão do pai maior. Leitura simplesmente por que, além de fazedor de machados, com eles, somos criadores de cultura.


SINOPSES DO LIVRO

Já matou o seu pai? Está à espera de quê? Toda a gente tem o dever de matar o próprio pai. Faça como o protagonista do romance de Mário Sabino: livre-se dele com duas pauladas na cabeça. Pelas costas, de preferência. Se matar um pai é fácil, rápido e indolor, muito menos fácil, rápido e indolor é interpretar o gesto. O protagonista anônimo de O dia em que matei o meu pai procura indícios para entender o crime que cometeu. É um detetive que colhe provas dentro da sua própria cabeça. Recorre a todos os instrumentos que já foram inventados, para analisar os nossos impulsos mais primários. Invariavelmente, demonstram-se inadequados. Despistam mais do que esclarecem. Filosofia, religião, psicologia, ciência comportamental: tudo parece ridiculamente impróprio para explicar a bestialidade humana. O parricida apresenta-nos também o seu romance inacabado. Ao ler esse romance dentro do romance, a nossa voracidade interpretativa leva-nos imediatamente a procurar símbolos, a traduzir metáforas, a ler nas entrelinhas. Não adianta nada. A literatura não revela: ela esconde, dissimula. Mário Sabino não veio para confortar. Com coragem, com malícia, com graça, ele prefere perturbar, desmontando tudo aquilo que a nossa inteligência concebeu na frustrada tentativa de dar um pouco de ordem e sentido à realidade.

Publicado na França, Itália, Argentina, Portugal, Austrália/Nova Zelândia, Holanda, Coreia do Sul e Romênia, este romance de Mario Sabino é um dos mais traduzidos da literatura brasileira contemporânea. "O Dia em que Matei Meu Pai" parte de uma trama aparentemente simples, a do narrador que conta à sua analista os motivos pelos quais matou o pai. A narrativa mescla suspense, tragédia e uma profunda reflexão sobre a alma humana. O autor constrói um texto no qual a psicanálise, a filosofia, a religião e a literatura se sobrepõem num discurso marcado pela dissimulação. Uma história de mistério em que o leitor deve descobrir não o crime ou o criminoso, explícitos desde o título, mas as motivações para o ato. Um belo romance de ideias




ENTREVISTA COM MARIO SABINO A ENTRELINHAS






LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU XI, by @MiguelNicolelis

AMARCORD - Um filme mágico.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Perguntem o que quiser pra mim através do meu formspring

Perguntem o que quiser pra mim através do meu formspring

Answer here

LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU X - La Dolce Vita - Fellini - PRIMEIRA CENA

SEGUNDA CENA - La Dolce Vita - Fellini

UMA DISCUSSÃO VITAL PARA O PARTIDO DOS TRABALHADORES

Um novo estatuto do PT, nossa reforma política interna



O 4º. Congresso Nacional do PT, em fevereiro de 2010, deliberou pela realização de um amplo debate a respeito de nossa trajetória organizativa e dos desafios presentes e futuros de nossa grande instituição partidária, que já completou 31 anos de vida. Esse debate tem por objetivo atualizar nosso estatuto partidário e reforçar os instrumentos institucionais internos que garantem nossa democracia e concepção organizativa.*
A resolução que estabeleceu essa reforma definiu uma pauta obrigatória, fruto das reflexões acerca da vivência política que nos levou a tantas vitórias importantes, mas que também passou por crises e impasses marcantes.

Devemos debater o financiamento da atividade partidária, ou seja, discutir sem reservas as formas de sustentar materialmente o partido e reduzir sua dependência de finaciamentos externos. Esse é um ponto decisivo para estabelecer, de forma transparente, uma estratégia permanente de viabilização do crescimento sustentável de nossa presença política na
sociedade.

O IV Congresso também destaca para debate o caráter coletivo das campanhas eleitorais do Partido, ou seja, como garantir que os projetos individuais não se sobreponham às demandas coletivas e à democracia interna. Em um partido como o PT, o risco de nos tornarmos reféns da estrutura política externa ao partido é sempre presente, quanto mais crescemos e nos tornamos atores decisivos da vida política da Nação.

Trataremos, também e especialmente, da necessidade de aumentar o número de filiados e melhorar a vida orgânica do Partido. O PT, na maioria das pesquisas de opinião, tem mais de 20% de simpatia popular, em torno do triplo do segundo colocado, o PMDB, que registra entre 6 a 9% dos pesquisados.É razoável que tenhamos a ambição de trazer 20% desses simpatizantes, para o ato de filiação formal ao partido com o qual se identificam. Isso representa quintuplicar nosso quadro. Mas para que isso seja uma conquista de consciência e participação, temos que tratar da ampliação da democracia interna, inclusive garantindo formação política e comunicação interna regular para o conjunto dos filiados. Por mais que o PT seja a experiência mais efetiva de participação partidária do Brasil, e referência para inúmeros partidos de outros países nesse aspecto, sabemos que há um enorme desafio para superar o abismo entre a filiação e a real participação democrática nos rumos da nossa vida interna.

As experiências positivas e negativas verificadas nos PEDs de 2001 a 2009 nos determinam o desafio de consolidar o instrumento do voto direto e afastar de nosso caminho os desvios típicos das disputas eleitorais despolitizadas. Para tanto, é necessidade urgente o fortalecimento da capacidade dirigente das instâncias partidárias.*

A combinação entre a agenda institucional do Partido e as lutas sociais determinam o caráter multifacetado de um partido que busca intervir nos mais variados espaços do Brasil. Para que isso se sustente em termos estratégicos, é vital capacitar o Partido para o debate ideológico e programático em curso na sociedade brasileira.*

O debate que faremos será determinante para que nossa construção partidária se consolide nos próximos anos. Mais que discutir regras isoladas de eleição de instâncias, o fundamental é ousar no projeto organizativo e buscar a qualidade das relações políticas como insumo básico para nosso projeto político.

No momento em que a sociedade brasileira retoma a questão da reforma política, a primeira iniciativa de nossa reforma interna deve ser a participação das bases do partido na discussão. As centenas de milhares de filiados devem dar a demonstração de que esse não é um problema da direção, nem as respostas virão da cúpula. Nosso PT já mostrou que a militância é que defende e protege o partido, na luta pela democracia de nosso projeto
socialista.

Ricardo Berzoini é deputado federal (PT-SP) e presidirá a Comissão de Reforma Estatutária do PT.


publicado no site http://www.pt.otg.br/

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PENSANDO ALTO PELO TWITTER, MAS PENSANDO E AGINDO.



* A oposição, ou melhor, as vereadoras Priscila Krause e Aline Mariano perderam o prumo. Sem dúvida que é tarefa do parlamentar fiscalizar o executivo e denunciar possíveis irregularidades. Porém, o que ambas estão fazendo é denuncismo como campanha pré-eleitoral, algo semelhante ao que fizeram com o Lula em 2005 e não deu certo.  É claro que João da Costa não é Lula, mas atenção, O PT É O MESMO.

* O PT se firmou pelo fato de apresentar e defender junto ao povo, assim como implantar nos diversos níveis de governo, um projeto político de nação, e não pelas denúncias que fêz das mazelas de FHC e anteriores. A oposição ainda não se deu conta disso e acha que o denuncismo é que dá substância política a partido. É uma pena, pois a atividade da oposição não ajuda em nada para elevar a consciência do povo. Mas tambérm, isso nunca foi proposta da elite conservadora e retrógrada deste país.

*  Mas o PT não pode se enganar. Devemos dar um combate sem tréguas a essa oposição. Debater com o povo nosso projeto de governo e nossas dificuldades de forma transparente, sem cair no jogo da oposição. Reavaliar e reatualizar nosso projeto sempre com a participação popular é o melhor caminho para desnudar a direita.

* Vixe. O negócio tá ficando feio, se isto for real. E parece que é. É o vale tudo. http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2011/02/21/psb-nega-50-do-diretorio-paulista-para-kassab/

* O PT aliou-se a centro-esquerda, centro direita e até setores da direita, por que não dizer? Mas foi e tem sido uma tática, diga-se de passagem vitoriosa, para derrotar a direita e construir uma alternativa de esquerda, democrática e popular, no Brasil. Nunca trouxe para o interior do partido figuras e lideranças da direita. Agora, um partido de esquerda buscar cooptar para si quadros da direita que queremos derrotar, para ser alternativa ao PT é outra coisa. Isso não vai dar certo.

* Quem saiu do PT pela crítica esquerdista não conseguiu criar uma alternativa política. Ou morreu ou está derrapando, como o PSOL. Personalidades que foram para partidos de centro como o PDT, abriram mão de suas posições pelas quais criticavam o PT. Histórica, política e socialmente, o PT ainda é um partido essencial para mudarmos a hegemonia conservadora e de direita na sociedade. Quem ainda não entendeu isso não consegue interpretar como o povo tem evoluido sua consciência e por quais caminhos ele segue. Por outro lado, há quem pensa superar o PT cooptando a direita para fortalercer eleitoralmente seu partido. Esse caminho é o mais perigoso. Alguém já ouviu falar em Cavalo de Tróia?
Não assista o BBB. Leia um livro.
Sugestão de leitura.


Dando continuidade à proposta de ajudar na divulgação de livros que falam de e da Ciência para um público leigo ou iniciante, nas várias áreas da pesquisa científica, estou agora sugerindo a leitura deste EM BUSCA DA MEMÓRIA, de Eric R. Kandel, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 2000. Uma das intenções de Kandel com este livro é popularizar uma nova ciência da mente. Combinando elementos autobiográficos, o autor mostra que o cientista é também um ser humano como qualquer um de nós, e que a emoção e a memória são bases fundamentais para o desenvolvimento da ciência.

Abaixo divulgo uma sinopse do livro e uma entrevista de Kandel à jornalista Claudia Kalb, da Newsweek, em 2008. Quem topar a sugestão, boa leitura.

Sinopse

"Em busca da memória" é, na verdade, várias buscas pela memória. Eric Kandel dedicou sua carreira a entender as bases biológicas de como a mente armazena experiências e reage a elas - trabalho que, além de solucionar um mistério científico, pode ser o ponto de partida para novos tratamentos psiquiátricos. Mas o livro também reúne as memórias do menino que mal teve tempo de brincar porque a família precisou fugir do Holocausto. Apesar de doloroso, o caminho traçado por Kandel ajudou a fundar a nova ciência da mente. "Há agora um consenso na comunidade científica de que a biologia da mente será para o século XXI o que a biologia do gene foi para o século XX", diz o autor.

    Nos anos 1950, Kandel era um jovem fascinado por psicanálise. Mas em vez de clinicar, descobriu a paixão pela pesquisa científica. Uma paixão que não o afastou do interesse pelos meandros da mente. Na aplísia, um caramujo marinho, ele descobriu que as experiências vividas fisicamente mudam o cérebro. E também desvendou como o ambiente interage com os genes e os neurônios para provocar aprendizados e comportamentos. Com isso, ele ajudou a mapear a biologia molecular dos processos mentais mais simples. "Se você lembrar alguma coisa deste livro, será porque seu cérebro terá mudado um pouco quando você terminar de lê-lo".

Ganhador do Prêmio Nobel de Medicina quer aliar as ideias de Freud à neurociência

 
Em 2000, Eric Kandel, professor da Universidade Columbia e pesquisador do Howard Hughes Medical Institute, ganhou o Prêmio Nobel por seu trabalho sobre aprendizado e memória. A primeira paixão de Kandel foi a psicanálise, e ele é um dos principais defensores da fusão entre a neurociência e a psicologia, há muito tempo divididas. Seu livro sobre o assunto, Em Busca da Memória, chegou às livrarias americanas em março. Kandel, de 76 anos, conversou com Claudia Kalb, da Newsweek.
Claudia Kalb – Como Freud se sustenta?
Eric Kandel – Acho que ele é um gigante. Extremamente inteligente, perspicaz e imaginativo. Há coisas que ele disse e não se sustentam. Sua visão sobre a sexualidade feminina estava errada. Mas ele nos forneceu um retrato rico e cheio de nuanças sobre a complexidade da vida mental. É um dos maiores pensadores do século XX.
Kalb – Quais são suas maiores contribuições?
Kandel – Muito do que fazemos é inconsciente. Essa é uma revelação que vem em grande parte de Freud. O fato de que sonhos têm significado psicológico, de que crianças são indivíduos ativos e pensantes, que têm experiências sensuais assim como experiências dolorosas, isso também vem de Freud. O fato de que ouvindo um paciente cuidadosamente você pode perceber muito do que o inconsciente está dizendo. Isso tudo é revolucionário.
Kalb – A psicanálise ainda é relevante?
Kandel – O problema da psicanálise, que é um problema profundo, não é Freud. As gerações subseqüentes não conseguiram torná-la uma ciência mais rigorosa, baseada nas ciências biológicas. A psicanálise como forma de terapia entrou em declínio porque consome muito tempo e dinheiro e, o mais importante, as pessoas não têm mais certeza se funciona ou não. Acho que vai acabar se a comunidade psicanalítica não fizer um esforço sério para verificar os conceitos e mostrar os aspectos da terapia que funcionam, em que condições, para que pacientes e com quais terapeutas. Precisamos olhar para a eficácia biológica de todos os tipos de psicoterapia, da mesma forma que fazemos com os remédios. Isso é o que devemos buscar nos próximos 15 anos. Se conseguirmos, vai haver uma revolução nesse campo. Afinal de contas, Freud sempre dizia que algum dia no futuro teríamos de juntar a psicanálise e a biologia da mente.
Kalb – Quando começou seu interesse pela psicanálise?
Kandel – Quando eu tinha uns 20 e poucos anos. Tinha um grande apelo como aventura intelectual. Era uma forma de compreender a mente humana, as aspirações, o processo mental inconsciente, desejos, sonhos. Fui para a faculdade de Medicina querendo me dedicar apenas à psicanálise.
Kalb – O senhor disse ao grande neurobiólogo Harry Grundfest que queria encontrar o ego, o id e o superego durante seu estágio de seis meses no laboratório dele. Em que estava pensando?
Kandel – Eu era um idiota. Achar que cada uma dessas estruturas mentais complexas tinha uma localização única e que eu poderia encontrá-las em seis meses era um absurdo. Aprendi a ser mais realista. Grundfest colocou em minha cabeça que o cérebro precisava ser analisado uma célula de cada vez.
Kalb – O senhor percorreu um longo caminho. Sobre o que é seu novo livro?
Kandel – Meu livro tem duas finalidades. A mais importante é ser uma introdução para o leitor leigo à nova ciência da mente e à explosão que ocorreu na neurobiologia dos processos mentais nos últimos 50 anos. O segundo tema é minha vida e trabalho – como me interessei pelo problema da memória e como tirei proveito e, em um grau modesto, participei dessa revolução
Kalb – Como será o futuro?
Kandel – O futuro da neurociência é brilhante. O perigo é que nós estamos no pé de uma cadeia de montanhas que as pessoas pensam que já escalamos. É uma montanha enorme. Vai levar um século.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

DIRETÓRIO ESTADUAL

Em decisão unânime, PT escolhe Pedro Eugênio para presidência do partido


Em decisão unânime, o PT escolheu o deputado federal Pedro Eugênio (PT) o novo presidente da sigla. Ele irá substituir o então presidente Jorge Perez, que se afastou do cargo por problemas de saúde. Pedro Eugênio ficará a frente da legenda até 2013 (quando o partido terá um novo Processo de Eleição Direta) e terá como principal desafio conduzir o PT até as próximas eleições municipais. A escolha do parlamentar foi feita neste sábado durante reunião do diretório estadual, que possui 57 membros das mais diversas tendências partidárias.

A indicação de Pedro Eugênio para o cargo foi vista por todos os integrantes do partido como uma sinalização do entendimento na legenda. “O partido está trabalhando para reconstruir a sua unidade política. Nós tivemos uma eleição de presidente há quase dois anos e todo mundo se lembra de como foi difícil. Tivemos um embate duro e uma disputa muito acirrada. Hoje, conseguimos essa posição comum de todos os integrantes do diretório, de todos as correntes e isso é um ponto importante. O partido está sinalizando que está consciente de que tem que construir um caminho único”, analisou o senador e líder do PT no Senado, Humberto Costa.

Além de Humberto, compareceram ao evento todos os principais nomes da sigla no Estado como o prefeito João da Costa, o deputado federal João Paulo e os secretários de governo Isaltino Nascimento e Maurício Rands. “Essa unidade é muito menos mérito meu e mais mérito do partido. Se fala muito na divisão do PT, mas foi com unanimidade que o PT tomou uma decisão que poderia ter sido difícil, com votação e a indicação de várias candidaturas. Então, essa decisão foi muito importante, qualifica e ajuda a realizar um trabalho para fortalecer o partido e preparar para as eleições”, disse Pedro Eugênio.

O parlamentar já tem, inclusive, uma primeira tarefa. “Vamos fazer uma discussão imediata sobre um plano de ações estratégicas, que irá orientar os nossos militantes e as nossas bases com relação as eleições de 2012. Os nossos desafios principais serão eleger João da Costa e conquistar o maior número de prefeituras possível em nosso Estado.”

Segundo o prefeito do Recife, a indicação de Pedro Eugênio “prova o amadurecimento do partido”. “Infelizmente o presidente Jorge Perez não poderá continuar. Por isso, assumiu Pedro Eugênio que tem experiência e um compromisso histórico de dialogar com todas as forças do partido e com as outras legendas. Ele irá ajudar o PT a ter unidade interna e criar uma nova dinâmica, preparando a legenda para eleições de 2012” disse.

Mesmo se afastando da presidência, Jorge Perez elogiou a indicação Pedro Eugênio e disse que continuará auxiliando o partido. “A minha saída foi motivada por problemas de saúde. Recebi uma recomendação médica para que eu não tivesse mais cargos tão exigentes, como a presidência do PT. Mas fiquei muito tranquilo com o fato de ter sido eleito Pedro Eugênio não só pelas qualidades que tem, como a capacidade de liderança, mas por ter sido escolhido pela unanimidade do partido e isso é fundamental”.

BlogdeJamildo

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pedro Eugênio vai conduzir PT na eleição de 2012

sexta-feira, 18 de fevereiro, 2011 por Josué Nogueira, Blog de Política - Diário de Pernambuco


pedro eugenioO PT estadual reúne o diretório nesse sábado para deliberar sobre a saída de Jorge Perez da presidência do partido e sua substituição pelo deputado federal Pedro Eugênio.

De licença médica desde meados de 2010, Perez decidiu passar o cargo para o parlamentar, que conduzirá a sigla até o fim de 2012.

O mandato-tampão inclui um dos maiores desafios da história do partido no estado: a conquista de mais uma vitória (seria a quarta consecutiva) na disputa pela Prefeitura do Recife no próximo ano.

Hoje, a legenda defende a reeleição do atual prefeito, João da Costa. Para isso, porém, terá de trabalhar para recuperar a gestão e a popularidade do chefe do Executivo.

Pedro Eugênio não quer se antecipar e falar como presidente. Acha que é presunção. Mas sua chegada ao cargo é vista com otimismo pelas diversas alas do PT.

Há quem diga que a direção estadual deixará de agir em favor da tendência que domina o diretório local.

Trata-se da Construindo um Novo Brasil, liderada pelo senador Humberto Costa e integrada por lideranças como a deputada Tereza Leitão e os secretários estaduais Isaltino Nascimento e Maurício Rands.

pedro eugenioTambém membro da CNB, Pedro Eugênio alerta, porém: “é importante colocar que a conduta de um presidente, nessas circunstâncias deve ser de continuidade da atuação de Jorge Perez”.

Segundo ele, Perez fez um trabalho importante, marcado pela defesa de interesse geral do partido e não de corrente A, B ou C.

O futuro presidente do PT é economista e filiou-se ao partido em 1996. Já esteve no PPS e foi eleito deputado estadual e federal pelo PSB.

No terceiro governo de Miguel Arraes (1995-1998), foi secretário da Fazenda. Em 1996, deixou o governo e o partido após desentendimentos políticos. De 2003 a 2006, foi diretor de gestão do Banco do Nordeste.

No link abaixo, entrevista com Pedro Eugênio:
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LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU VIII



E SAUDADES DOS OLHOS E LÁBIOS DE LIV ULLMAN

LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU VII

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

FUNDAÇÃO DO PT - COLÉGIO SION







UMA HOMENAGEM ÀQUELES QUE, APOIADOS NO SOEERGUIMENTO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, NO FINAL DOS ANOS 1970, TIVERAM A CORAGEM E A AUDÁCIA DE CRIAR UM PARTIDO QUE INAUGURAVA UM NOVO TEMPO E UM NOVO MODELO DE ORGANIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

 


Chomsky: EUA estão seguindo seu manual no Egito 

Em entrevista a Amy Goodman, do Democracy Now, Noam Chomsky analisa o desenrolar dos protestos no Egito e o comportamento do governo dos Estados Unidos diante deles. Na sua avaliação, o governo Obama está seguindo o manual tradicional de Washington nestas situações: "Há uma rotina padrão nestes casos: seguir apoiando o tempo que for possível e se ele se tornar insustentável – especialmente se o exército mudar de lado – dar um giro de 180 graus e dizer que sempre estiveram do lado do povo, apagar o passado e depois fazer todas as manobras necessárias para restaurar o velho sistema, mas com um novo nome". 

Nas últimas semanas, os levantes populares ocorridos no mundo árabe provocaram a destituição do ditador Zine El Abidine Bem Ali, o iminente fim do regime do presidente egípcio Hosni Mubarak, a nomeação de um novo governo na Jordânia e a promessa do ditador de tantos anos do Yemen de abandonar o cargo ao final de seu mandato. O Democracy Now falou com o professor do MIT, Noam Chomsky, acerca do que isso significa para o futuro do Oriente Médio e da política externa dos EUA na região. Indagado sobre os recentes comentários do presidente Obama sobre Mubarak, Chomsky disse: “Obama foi muito cuidadoso para não dizer nada; está fazendo o que os líderes estadunidenses fazem habitualmente quando um de seus ditadores favoritos têm problemas, tentam apoiá-lo até o final. Se a situação chega a um ponto insustentável, mudam de lado”.

Amy Goodman: Qual é sua análise sobre o que está acontecendo e como pode repercutir no Oriente Médio?

Noam Chomsky: Em primeiro lugar, o que está ocorrendo é espetacular. A coragem, a determinação e o compromisso dos manifestantes merecem destaque, E, aconteça o que aconteça, estes são momentos que não serão esquecidos e que seguramente terão consequências a posteriori: constrangeram a polícia, tomaram a praça Tahrir e permaneceram ali apesar dos grupos mafiosos de Mubarak. O governo organizou esses bandos para tratar de expulsar os manifestantes ou para gerar uma situação na qual o exército pode dizer que teve que intervir para restaurar a ordem e depois, talvez, instaurar algum governo militar. É muito difícil prever o que vai acontecer.

Os Estados Unidos estão seguindo seu manual habitual. Não é a primeira vez que um ditador “próximo” perde o controle ou está em risco de perdê-lo. Há uma rotina padrão nestes casos: seguir apoiando o tempo que for possível e se ele se tornar insustentável – especialmente se o exército mudar de lado – dar um giro de 180 graus e dizer que sempre estiveram do lado do povo, apagar o passado e depois fazer todas as manobras necessárias para restaurar o velho sistema, mas com um novo nome.

Presumo que é isso que está ocorrendo agora. Estão vendo se Mubarak pode ficar. Se não aguentar, colocarão em prática o manual.

Amy Goodman: Qual sua opinião sobre o apelo de Obama para que se inicie a transição no Egito?

Noam Chomsky: Curiosamente, Obama não disse nada. Mubarak também estaria de acordo com a necessidade de haver uma transição ordenada. Um novo gabinete, alguns arranjos menores na ordem constitucional, isso não é nada. Está fazendo o que os líderes norteamericanos geralmente fazem.

Os Estados Unidos tem um poder constrangedor neste caso. O Egito é o segundo país que mais recebe ajuda militar e econômica de Washington. Israel é o primeiro. O mesmo Obama já se mostrou muito favorável a Mubarak. No famoso discurso do Cairo, o presidente estadunidense disse: “Mubarak é um bom homem. Ele fez coisas boas. Manteve a estabilidade. Seguiremos o apoiando porque é um amigo”.

Mubarak é um dos ditadores mais brutais do mundo. Não sei como, depois disso, alguém pode seguir levando a sério os comentários de Obama sobre os direitos humanos. Mas o apoio tem sido muito grande. Os aviões que estão sobrevoando a praça Tahrir são, certamente, estadunidenses. Os EUA representam o principal sustentáculo do regime egípcio. Não é como na Tunísia, onde o principal apoio era da França. Os EUA são os principais culpados no Egito, junto com Israel e a Arábia Saudita. Foram estes países que prestaram apoio ao regime de Mubarak. De fato, os israelenses estavam furiosos porque Obama não sustentou mais firmemente seu amigo Mubarak.

Amy Goodman: O que significam todas essas revoltas no mundo árabe?

Noam Chomsky: Este é o levante regional mais surpreendente do qual tenho memória. Às vezes fazem comparações com o que ocorreu no leste europeu, mas não é comparável. Ninguém sabe quais serão as consequências desses levantes. Os problemas pelos quais os manifestantes protestam vem de longa data e não serão resolvidos facilmente. Há uma grande pobreza, repressão, falta de democracia e também de desenvolvimento. O Egito e outros países da região recém passaram pelo período neoliberal, que trouxe crescimento nos papéis junto com as consequências habituais: uma alta concentração da riqueza e dos privilégios, um empobrecimento e uma paralisia da maioria da população. E isso não se muda facilmente.

Amy Goodman: Você crê que há alguma relação direta entre esses levantes e os vazamentos de Wikileaks?

Noam Chomsky: Na verdade, a questão é que Wikileaks não nos disse nada novo. Nos deu a confirmação para nossas razoáveis conjecturas.

Amy Goodman: O que acontecerá com a Jordânia?

Noam Chomsky: Na Jordânia, recém mudaram o primeiro ministro. Ele foi substituído por um ex-general que parece ser moderadamente popular, ou ao menos não é tão odiado pela população. Mas essencialmente não mudou nada.

Tradução: Katarina Peixoto

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

PT 31 anos: Berzoini destaca redução da desigualdade social e a força da militância

Na próxima quinta-feira (10), o PT comemora 31 anos de fundação, com uma marca histórica: um partido de esquerda que conquistou democraticamente a presidência da república por três vezes consecutivas. Entre as principais ações, o ex-presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP) destaca a redução da desigualdade social e a força da militância.

“O PT surgiu como um partido da esquerda brasileira com um projeto novo de organização, com uma visão de renovação da política brasileira, e ao longo desse período acumulou força suficiente para, não só se tornar um partido importante, mas uma alternativa real de poder. E no plano nacional, especialmente, nós rapidamente alçamos a condição de um partido que representa uma série de demandas populares por democracia, por descentralização econômica, orçamentária e, principalmente, pela redução da desigualdade social. Então podemos comemorar esses 31 anos com a certeza de que a caminhada até aqui foi vitoriosa, mas sem esquecer que ainda temos muito a fazer”.

A consolidação de um projeto político diferenciado para o País é uma conquista da militância do PT, que sempre foi a alma e razão do partido existir, afirma o ex-presidente Berzoini, que acredita na importância de cuidar dos petistas. “O nosso desafio é não descuidar dessa militância, é cuidar da democracia interna, dos mecanismos de decisão política pela base do partido e o fortalecimento da nossa relação com a sociedade civil”.

Para o deputado, um dos momentos mais marcantes de sua luta no partido foi no enfrentamento da crise política de 2005. Berzoini era na época o presidente do PT. “É claro que a eleição do Lula foi muito importante, uma grande vitória, mas a reeleição dele marcou pela circunstancia da crise política, pela maneira como enfrentamos o momento, as dificuldades que o partido passou. Acho que talvez um momento de afirmação, de satisfação pessoal, tenha sido poder comemorar a reeleição do Lula”.

Berzoini diz que o partido ainda tem uma grande luta pela frente e muitos desafios precisam ser superados ao longo dos anos, porém as expectativas são otimistas. “Precisamos consolidar a visão sobre como praticar política democrática dentro do partido e aprofundar a trajetória que levou a redução das desigualdades sociais e regionais, que construiu um novo projeto de desenvolvimento nacional com inclusão social. Esse é um projeto que pretende incluir os brasileiros num sentimento de consciência ambiental e social com a perspectiva de construir uma nação justa e democrática”. (Janary Damacena – Portal PT)

VIVA A JUVENTUDE DO PT - 31 ANOS

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LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU VI



Esta sessão foi inspirada pelo artigo CINE BIJOU VIVE, do qual publico alguns trechos abaixo. O CINE BIJOU, o seu ambiente político, e claro, os filmes que ali assisti contribuiram muito para minha formação política e ética na juventude. Por isso, aqui minha saudação àqueles que buscam resgatar a história e o papel daquela instituição.

CINE BIJOU VIVE(*)
Gabriela Moncau

"Uma sala pequena, com pouco mais de 100 poltronas de couro vermelho, número 174 da Praça Franklin Roosevelt, no centro da cidade de São Paulo. Ali foi inaugurado, no inínio dos anos 1960, o Cine Bijou, espaço que exibia os chamados 'filmes de arte', alternativos à hegemônica indústria hollyoodiana e que compunha o cenário efervescente da cultura alternativa da Roosevelt, na contramão dos repressivos anos de chumbo.
O Cine Bijou durou até 1995, quando, junto com a deterioração da Praça Roosevelt, fechou suas portas.
Passados 15 anos, um projeto de resgate histórico desenvolvido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política (NPMP) - formado por militantes, ex-presos e perseguidos políticos no período da ditadura - em parceria com o Sarau Quilombo Cidade Ademar e o Teatro Studio 184, traz à vida o antigo Cine Bijou, exibindo filmes gratuitamente de 15 em 15 dias, aos sábados, às 15 horas.
Danilo Dara, historiador e filho de ex-militantes da Libelu(**) (Liberdade e Luta, organização estudantil que lutou contra a ditadura militar), que sempre ouviu nostalgicamente seus pais falarem dos tempos em que frequentavam o Cine Bijou, hoje é um dos idealizadores desse projeto de realtivação. Ele conta que a idéia nasceu 'do intercâmbio de experiências, de concepções políticas e históricas entre militantes com mais tempo de caminhada e nós, mais jovens'. Dara explica que 'esta ponte entre jovens militantes e lutadores de outros invernos, bem como a ponte entre a experiência de resistir à ditadura (nos anos 1960 e 1970) e a experiência de resistir à violência da democracia, sobretudo nas periferias (dos anos 2000), estão no cerne do projeto'."


(*) Trechos de artigo publicado na revista CAROS AMIGOS, nº 165.
(**) Corrente Estudantil em que militei nos anos 1970, na USP.

Prazer, Nicolelis

A visão extraordinária de Miguel Nicolelis, um dos maiores cientistas de nosso tempo, poderá ser compartilhada a partir de agora, com a estreia de sua coluna.

Nesta edição, Miguel Nicolelis, que faz parte do Conselho Editorial da Brasileiros, estreia sua coluna. O olhar inteligente e original sobre nossa cultura e seus personagens de um homem que, mais do que um dos maiores cientistas do mundo, é um brasileiro extraordinário, apaixonado pelo País e dotado de um senso de humor muito acima da média.

Paulistano e palmeirense de nascença, Nicolelis vive em Durham, na Carolina do Norte (EUA), onde é professor titular de Neurobiologia e codiretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, referência mundial na área. Considerado uma das mentes mais brilhantes deste século, ele desenvolve um trabalho revolucionário sobre o cérebro humano.

Ficou conhecido por fazer com que macacos movessem braços robóticos usando apenas a força do pensamento. Um marco para a ciência que poderá reabilitar pessoas com paralisia corporal e que foi listado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) como uma das dez tecnologias que podem mudar o mundo.

Suas pesquisas promissoras - com chance de dar ao Brasil um Nobel inédito - o levaram a receber prêmios, como o Pioneiro 2010, o mais prestigiado da área científica oferecido pelo governo americano por meio do Instituto Nacional de Saúde, incluindo US$ 2,5 mil para ser aplicados ao longo de cinco anos em estudos inovadores.

No topo da lista dos nomes mais importantes na área da neurobiologia, publicada pela revista Scientific American, Nicolelis também incentiva a formação de novos cientistas no Brasil. Ele é idealizador e diretor do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (RN) que, desde 2007, atende mais de mil crianças da rede pública de Natal e conta com uma filial em Serrinha (BA) para 400 alunos.

Em Natal, Nicolelis se dedica a um projeto que deve entrar para a história da ciência. O desenvolvimento de uma roupa especial - resultado do consórcio Andar de Novo, formado por Brasil, Suíça, Estados Unidos e Alemanha -, que permitirá que um tetraplégico dê o "pontapé inicial" na abertura da Copa do Brasil, em 2014. Admirável, genial e imprevisível.

Com vocês, Miguel Nicolelis!


BRAVA GENTE BRASILEIRA
O dia em que Canhoto da Paraíba colocou Andrés Segovia no banco
por Miguel Nicolelis
Em tempos normais, eu já não aconselharia ninguém vindo do Brasil a pousar no Aeroporto Internacional Dulles, de Washington, capital dos Estados Unidos, antes das 6 horas da manhã. Na quarta-feira chuvosa de 3 de novembro de 2010, nem pensar. Nas circunstâncias daquela madrugada, entrar em contato com a atual realidade do combalido império do norte sem a preparação adequada, tinha tudo para ser uma experiência traumatizante, capaz de causar nos menos avisados um estado de completa estupefação. Nesse momento, cabe um parêntese. Enquanto os viajantes brasileiros tinham deixado há poucas horas um país tropical ensolarado e radiante, comemorando o resultado alvissareiro de um dos maiores exercícios democráticos da sua história, os seus anfitriões matutinos acabavam de acordar para a dura realidade de um outro pleito. Depois da luta fratricida travada nas trincheiras da desinformação, ignorância e preconceito, os americanos tinham testemunhado, na noite anterior, mais um passo decisivo rumo à desintegração política, econômica e social, que, aparentemente, infecta o proverbial calcanhar de Aquiles de todos os impérios metidos a besta.

Rotineiramente mal-humorados, os oficias da imigração americana pareciam não acreditar que o tratamento para a sua ressaca eleitoral seria processar um Boeing 777 inteiro, cheio de brasileiros alegres e barulhentos, egressos dos agora felizes trópicos. O Brasil, certamente, está na moda, mas a moda ainda não pegou nos famosos guichês do aeroporto Dulles. Ah, como sofreram, naquela manhã cheia de contrastes e ironias históricas, aqueles incautos oficiais da lei, ordem, família e propriedade, na sua missão ingrata (e há muito perdida) de preservar a primeira linha de defesa do famoso, e já tão gasto, "American Way of Life"! Mais que eles, também nós, os passageiros, sofremos com a lentidão, soberba e a incompetência que, sejamos honestos, estendia-se democraticamente a nativos e alienígenas.

Folheando as páginas de passaportes impecáveis, muitos ainda completamente virgens, reproduzindo os mesmos rostos que, ao vivo, comprovavam o rumor de ser o Brasil um dos poucos rincões do planeta onde ainda é possível estampar o otimismo e a alegria, além de uma pequena dose de sarcasmo e ironia, como parte do seu cartão de visita, meus amigos da imigração (passo por lá tão frequentemente que alguns já sabem se o Palmeiras ganhou ou não, pela expressão do meu rosto) pareciam sonhar com emprego pleno, seguro saúde nacional, mais Bolsa Família, reservas estuporantes de petróleo, crescimento da economia de 7% e cantos de passarinhos que gorjeiam por aí, isso mesmo, onde você me lê nesse momento, prezado leitor, mas que há muito já decidiram emigrar de lá, onde estavam a sofrer aqueles oficiais sonolentos.

Passada essa barreira, decidi me aboletar na modesta área de espera de um dos portões de embarque e, enquanto minha conexão para Boston não chegava, aproveitei para usar meu laptop e ouvir música da terrinha. A saudade, como os senhores e senhoras podem imaginar, já batia forte. Nessa hora proibitiva para neurocientistas, poucos outros heróis de aeroporto estavam por perto. Ainda assim, sentou-se a meu lado um americano simpático, com cara de professor de Economia da Harvard. Estava eu a curtir o meu som tropical, quando de repente ao mover-me para tentar retirar um livro da mala, o meu fone de ouvido se soltou do computador e o saguão inteiro, com todos os seus gatos pingados, passou a desfrutar de um solo de violão sem igual desse lado da Via Láctea. Sorridente e solícito, o meu anônimo companheiro de espera matutina, não teve dúvida e arriscou um quebra gelo típico de economista neoliberal:

- Que maravilha! Andrés Segovia sempre me fascina.

- Não é Segovia não, meu senhor. - Já fui logo pondo um John Maynard Keynes na sopa do moço, em homenagem a meu grande amigo alviverde, presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.

- Trata-se de um quase homônimo. Canhoto da Paraíba é o seu nome do violeiro.

- Mas não pode ser! Soa perfeito. Música dos deuses, como só o incomparável Segovia, de Granada, poderia produzir. Mas em que conservatório estudou esse senhor? Deve ter sido pelo menos aluno do grande mestre, não foi não?

- Acho pouco provável, a não ser que o grande Segovia tivesse aberto uma filial, na sacristia da matriz de Princesa Isabel, sertão da Paraíba, terra natal do menino Canhoto.

- Mas que fenômeno. Posso escutar mais um pouco?

- Como não, abolete-se e desfrute. Sinta-se em casa. Mestre Canhoto ficaria muito lisonjeado com seu interesse por seu violão.

- Paraíba, onde fica isso?

- Nordeste brasileiro, embaixo do Rio Grande do Norte, em cima de Pernambuco.

- Mas deve ser um paraíso essa tal Paraíba, para dar à luz um gênio musical como esse. Nunca ouvi nada igual.

- Realmente, é um paraíso. Lindo de fazer olho marejar. Mas para desfrutar dessa boniteza toda, carece de ter um outro tipo de olho, um outro tipo de ouvido. E definitivamente, precisa ter dedos muito ligeiros, como Canhoto tinha, para contar estórias que vem de lá. O senhor reparou que Canhoto tocava o violão com a mão esquerda e sem trocar a ordem das cordas?

- Não, não é possível! Ainda mais essa? Inacreditável!

- Pois é, meu amigo, o sertão nordestino não produz qualquer caboclo, não. Como toda forma de vida por lá padece muito, aqueles que conseguem vingar são pessoas valentes, destemidas e difíceis de dobrar. Quando menino, bem que tentaram forçar o menino Canhoto a aprender a tocar com a mão direita. Teimoso que nem um pau de Jurema, o moleque não se vergou. Escondido, aprendeu por si só uma forma de extrair o bemol e dó sustenido de ponta cabeça. Isso que é amor pela música. O resto é conversa. E não é que o truque funcionou? Garanto que nem o seu amigo Segovia aprontava uma dessas. Lá no sertão bravo do Nordeste, para vingar de verdade, precisa fazer que nem flor de cacto.

- E cacto lá tem flor? Que história de argentino é essa?

- Se tem, doutor. As danadas ficam escondidas por um bom tempo, protegidas por aqueles espinhos afiados, do tamanho de um prego. Aí, quando começa qualquer chuva miúda, coisa rara no sertão, elas florescem mais rápido do que o Canhoto compunha um choro. Abrem todas as bocas como se fosse um coral silencioso a repetir: "Quem disse que cacto não tem o direito de ser flor?". E assim, arregaladas, elas aproveitam cada gotinha doce que lhe permita sobreviver mais um dia, até que outra nuvem bendita, perdida naquele céu azulado, decida a chorar de tanta tristeza de ver aquela terra torrada, a caatinga queimada, e a boiada definhando... Canhoto era como flor de cacto. Florescer a qualquer custo, era a razão que lhe fazia dedilhar seu violão invertido até cansar, mesmo quando, lá na sacristia da matriz da valorosa Princesa Isabel, não havia ninguém para escutar quando ele abria a boca, que nem flor, e todo frajola se punha a cantar.

- Coisa muito interessante esse seu país tropical. Brasil, quem diria, o futuro finalmente chegou para vocês. Justo no momento que o nosso parece ter acabado. Aqui no Norte, ninguém acredita no que aconteceu com vocês. Agora, até lá em Harvard eu já vi gente dizer: "Que Obama que nada, manda chamar o tal de Lula, quem sabe ele consegue dar um jeito aqui em cima também".

Logo a seguir, embarcamos. Meu novo amigo fez questão de sentar-se a meu lado no avião novo em folha. Depois que ele estava bem confortável, pronto para começar a ler o seu Wall Street Journal, eu fiz questão de lhe apontar para o folheto de segurança da aeronave. Nele, podia-se ler claramente: "Embraer, made in Brazil!". Meu amigo murchou, emudeceu e não falou mais comigo. Constrangido, nem tive coragem de lhe dar a notícia que foi Santos Dumont que inventou o voo controlado, não os irmãos Wright.

Deu até dó. Realmente, aquele não era o dia dos gringos!

Publicado na Revista Brasileiros, número 41

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Corintianos distribuem panfletos com manifesto pedindo saída de jogadores
Por: Guilherme Palenzuela e Rodrigo Vessoni no Lancenet
05/02/2011
Alto valor do ingresso também é motivo de revolta (Foto: Tom Dib)
Uma das torcidas organizadas do Corinthians já iniciou protesto na frente do Centro de Treinamentos Dr. Joaquim Grava. A “Resistência Corinthiana 777″ está distribuindo panfletos com um manifesto.
Os principais pedidos dos torcedores são os desligamentos de membros da diretoria e comissão técnica e a demissão de alguns jogadores do elenco.
Leia na íntegra o manifesto:
Devolvam o SCCP a seu Povo
A Nação Corinthiana está perplexa. Alcançamos Fevereiro de 2011 em fúria. O Sport Club Corinthians Paulista vive momento único de humilhação, desmando e destruição de sua cultura e tradição.
O Corinthians nasceu para ser o time do povo. E para ser por ele construído, conforme estabeleceram os heróis fundadores, no Bom Retiro, em 1910.
Hoje, no entanto, esses valores estão sendo solapados por uma política interna de elitização, loteamento e apropriação indébita.
O clube que orgulhosamente nasceu dos operários, carroceiros e lavadeiras mantém hoje um vergonhoso regime de “apartheid”, no qual a maior parte dos ingressos é reservado aos mais favorecidos.
Os mais humildes, muitas vezes os mais apaixonados pelo Timão, são trancados do lado de fora dos estádios. Para os dirigentes do clube, essa segregação é inevitável e chique.
Lamentável que se patrocine na agremiação um processo contrário àquele em curso no país. Se o Brasil incluiu milhões de cidadãos, Andres Sanchez e L. P. Rosenberg excluem.
Esse desvario elitista afasta hoje até mesmo a classe média dos estádios. Ingressos de setores como a Especial Laranja tiveram aumento de até 500% nos últimos anos.
Isto é um acinte, um atentado contra os pilares da estabilidade econômica.
Muitos desses fiéis de razoável poder aquisitivo foram obrigados a migrar para as arquibancadas e tobogã do Pacaembu, obviamente reduzindo os lugares destinados aos trabalhadores de menor poder aquisitivo.
Essa prática sistematizada de elitização tem esvaziado as áreas de público nas laterais do campo. Dessa forma, reduziu-se tremendamente o impacto do fator torcida nas partidas do time.
Todo esse projeto de desvirtuamento tem origem numa visão atrasada, tola e ultrapassada do negócio-futebol. Sanchez e Rosenberg copiam no microcosmo os idiotas especuladores que meteram o mundo na crise de 2008-2009.
Num momento em que o mundo empresarial trata de desenvolvimento humano sustentável, inclusão social e abertura de novos mercados, o Corinthians regride historicamente, reduz seu contingente de fiéis-torcedores-consumidores efetivos e estreita seus horizontes de crescimento consistente na obtenção de receitas.
Num período em que milhões de brasileiros ascenderam à classe C, a equivocada política corinthiana é de fidelizar prioritariamente os representantes da classe A.
Não há dúvida de que um clube moderno necessita de recursos, mas eles são meio e não fim.
Um clube de futebol existe para dar alegria e satisfação a sua gente, e não para enriquecer grupos criminosos de interesse ou espertalhões de boa lábia.
Nesse processo de desconstrução violenta da cultura corinthiana, o que era da imensa Nação foi repartido entre grupos de cartolas e agentes sequiosos por predar o patrimônio do Corinthians, o que inclui seus ativos intangíveis.
Esse loteamento constituiu pequenas máfias que controlam, sobretudo, a contratação de atletas. O que está em jogo atualmente é o business particular, e não o interesse da Fiel Torcida, verdadeira dona da instituição.
Hoje, o clube gasta milhões com jogadores descompromissados, incapazes ou simplesmente inativos. É a maior folha salarial do Brasil.
Se recebem fortunas todo mês, é fato que esses valores provêm do investimento de cada corinthiano em ingressos, produtos licenciados ou aquisição de produtos de patrocinadores diretos e indiretos.
Se não há justa retribuição em forma de trabalho e dedicação, caracteriza-se apropriação indébita dos recursos da Nação Corinthiana.
São muitos os exemplos desse descaso com os verdadeiros mantenedores do clube.
No Campeonato Brasileiro de 2009, não houve o devido empenho, tampouco disciplina organizativa. Assim como no Paulista de 2010, na Libertadores de 2010 e no Campeonato Brasileiro de 2010.
Nesse último, a república dos marajás usurpadores fugiu a suas responsabilidades no momento crucial do torneio, desperdiçando a chance de oferecer à torcida o merecido presente do Centenário.
E, pior, como proeza, empataram com o Goiás C no último jogo, o que nos atirou de modo infame na Pré-Libertadores.
Não é preciso relembrar o que ocorreu nessa disputa. A Fiel foi humilhada por um grupo desordenado de atletas abobados, sem vontade, sem garra e sem qualquer compromisso com nossa tradição de luta.
Uma das maiores vergonhas de nossa história.
Em vista desta completa descaracterização, a Fiel Torcida exige mudanças imediatas na gestão do clube.
• Devolução imediata do Corinthians a seus proprietário de direito: o povo!
• Desmantelamento dos grupos de extração predatória que tomaram de assalto o SCCP, o que inclui cartolas e seus parceiros externos.
• Demissão imediata dos inúmeros atletas que servem de eixo no processo sistemático de apropriação indébita dos recursos da Nação Corinthiana.
O mais valioso ativo do Sport Club Corinthians Paulista é sua gente e sua espetacular tradição de luta, mestiçagem, dedicação e solidariedade.
Essas virtudes é que fizeram nosso Corinthians tão amado (e tão odiado). Elas definem nossa marca, a mais valorizada no futebol brasileiro.
Elas exprimem nosso jeito único de pensar, agir e ser, em conformidade com o espírito de união fraterna dos heróis fundadores.
Portanto, tirem suas mãos infectas do nosso Corinthians. Devolvam-no a seu povo! Já!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ministra dos Direitos Humanos vem ao Recife para ato em homenagem ao advogado assassinado Manoel Mattos



Da assessoria

O ato pelos 2 anos do assassinato do Advogado Manoel Mattos será nesta sexta-feira, 04/02, na sede da OAB Recife às 13h30.
 
A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, chega ao Recife nesta sexta-feira, para participar no auditório da OAB-Recife, de um ato que vai marcar dois anos da morte do advogado e ex-vereador de Itambé, Manoel Mattos.
 
Mattos, defensor incansável dos Direitos Humanos, foi morto por pistoleiros em janeiro de 2009, no litoral paraibano. Ele denunciava a atuação de grupos de extermínio nos municípios de Pedras de Fogo (PB), Itambé e Timbaúba (PE), e vivia sob constante ameaça de morte.

O caso de Mattos foi o primeiro no Brasil a ser federalizado por grave violação dos Direitos Humanos, por decisão do Superior Tribunal de Justiça. Para o deputado Fernando Ferro, de quem Mattos era assessor e amigo pessoal, é uma decisão histórica e abre uma nova perspectiva para os defensores dos direitos humanos. "É uma grande conquista política na luta dos direitos humanos, uma conquista que acontece pela primeira vez no Brasil e que abre espaço para que os defensores dos direitos humanos sejam mais resguardados. A decisão do Tribunal faz justiça contra uma barbaridade cometida com Manoel de Mattos", afirmou Ferro.
Postado por Ana Laura Farias
04/02 - ATO DOIS ANOS DO ASSASSINATO DO COMPANHEIRO 
MANOEL MATTOS




Ás 13.30 horas, na sede da OAB Recife, amanhã, dia 04/02, será realizado um ato pela passagem do segundo ano do assassinato do advogado, militante dos direitos humanos e membro da Executiva Estadual do PT-PE, companheiro MANOEL MATTOS. 

O ato contará com a presença da Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário,  confirmando  o compromisso do governo da Presidenta Dilma Roussef com a causa dos direitos humanos.



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Agora ninguém deixará de falar ou defender o governo por falta de informações", diz Sinézio



O líder de governo na Câmara do Recife, o vereador Josenildo Sinésio (PT), avaliou positivamente o encontro que teve entre a bancada do partido com o prefeito João da Costa, na Prefeitura do Recife. O parlamentar comentou que a antiga falta de comunicação entre Costa e os vereadores é um caso superado. "Não haverá mais problemas (falta de comunicação entre prefeitura e Câmara). Foi entregue um conjunto de informaçõess de tudo o que a Prefeitura do Recife faz e a alimentação vai ser feita diariamente pela Comunicação aos vereadores", garantiu.

Josenildo Sinésio reconheceu que a postura do prefeito anterior do prefeito gerou reclamações por parte dos vereadores. "Construímos uma estratégia de socializar as informações. Agora ninguém deixará de falar ou defender o governo por falta de informações", disse o petista. O vereador confirmou que prefeito e bancadas aliadas manterão constantes encontros para afinar o relacionamento e que no almoço, além da reaproximação, foi discutido o momento da atual conjuntura política, o início dos trabalhos legislativos, a atuação da bancada na Câmara, a unidade do PT com os aliados e a importância de estar unidos como governo nas três esferas políticas.

"O que se levantou foi a necessidade de sempre ter esses encontros, para estreitar cada vez mais a relação e estruturar a unidade. Mal a gente falou e o prefeito disse estar aberto para isso", comentou Josenildo. Quanto ao almoço em si, o petista gostou muito e afirmou que foi "simples e humilde, como é o almoçõ do PT".

Blog da Folha de Pernambuco
          EGITO
Os militantes esperam nas coxias 
Por: Syed Saleem Shahzad*, no Asia Times Online. Tradução: Vila Vudu
1/2/2011

Foto Al Jaazera
ISLAMABAD. Não há força de oposição no Egito, ainda que se considere a Fraternidade Muçulmana, suficientemente organizada, nesse ponto, para assumir o poder no caso de as manifestações públicas em marcha nas principais cidades do Egito levarem ao fim do governo de Hosni Mubarak e à queda do presidente.
Até agora, os protestos não apresentaram demandas estruturadas, além de clamarem pela queda de Mubarak, 83, há 30 anos no poder.
Um dos coringas do drama que se desenrola no Egito – onde um milhão de manifestantes tomam as ruas do Cairo hoje – são os cerca de 15 mil ex-militantes que foram libertados pelas cortes nos últimos dez anos, mas permanecem nas listas de observação dos serviços de segurança e agências de inteligência egípcios.
“Mártires são necessários para eventos, e eventos são necessários para revoluções. E sem revoluções não há avanço” disse hoje o destacado analista político paquistanês Farrukh Saleem no The News International. “Há revolução quando o descontentamento público leva ao rompimento da ordem estabelecida. As revoluções são espontâneas, com raízes em áreas política e economicamente desassistidas. As revoluções começam fora dos centros de poder, em áreas nas quais o mando do Estado seja fraco; depois, as revoluções movem-se na direção do centro do poder.”
Os milhares de militantes foram cercados e caçados entre o final dos anos 1990 e o início de 2001 por Omar Suleiman, ex-chefe da inteligência, que essa semana foi nomeado vice-presidente. Se o aparelho de segurança do governo Mubarak entrar em colapso, aqueles militantes bem podem ter o que dizer sobre a direção para a qual o país deve andar.
A maioria dos militantes pertencem ao grupo al-Gamaa al-Islamiyya e a inúmeras organizações clandestinas que brotaram durante e depois da Jihad afegã contra a União Soviética. Promoveram muita agitação no Egito ao longo dos anos 1980 e 1990, quando sequestros e ataques a turistas e contra as forças de segurança eram rotina.
A maioria dos grupos foram brutalmente dizimados pelos serviços de segurança; centenas de militantes foram executados, milhares metidos em prisões e vários milhares foram libertados depois de cenas de arrependimento e confissões públicas, obrigados, mesmo assim a apresentar-se regularmente às autoridades policiais para controle.
Esses militantes, com possivelmente centenas de outros que escaparam das prisões nos últimos dias, estão agora misturados à multidão pelas praças, com as forças de segurança obrigadas a enfrentar o que muito provavelmente é o maior desafio que jamais enfrentaram no Egito.
Durante o fim de semana, pela primeira vez desde o início das manifestações, semana passada, apareceu um primeiro sinal de atividade dos militantes islâmicos nas ruas, quando pelo menos quatro prisões foram atacadas e centenas de militantes islâmicos presos foram libertados. É amostra clara da vulnerabilidade de um aparato de segurança conhecido pela brutalidade.
O exemplo do Paquistão
No início dos anos  2000 no Paquistão, o regime o ex-presidente general Pervez Musharraf atacou duramente organizações militantes como Sepah-e-Sahabah, Harkatul Mujahideen, Laskhar-e-Taiba e Jaish-e-Mohammad. E tomaram-se medidas estritas para evitar que os membros desses grupos se unissem a grupos ligados à al-Qaeda.
Apesar disso, o início de atividade de guerrilha de baixa intensidade nas áreas tribais do país mobilizou imediatamente aqueles militantes, e não houve mecanismos das estratégias de contraterrorismo que os detivesse e, sim, eles logo apareceram aliados à al-Qaeda para lutar contra o establishment.
No Iêmen, o quadro é semelhante. As operações anti-al-Qaeda no início dos anos 2000 praticamente eliminaram a al-Qaeda no país. Mas imediatamente depois que alguns líderes militantes iemenitas escaparam da cadeia, começou a haver atividade de guerrilha de baixa intensidade nas áreas tribais – e essa ação despertou muitas células de militantes adormecidas em todo o Iêmen.
O Egito tem longa história de militância política de resistência, por mais que tenha permanecido adormecida há muitos anos. Emergiram facções militantes imediatamente depois do assassinato de Hasan al-Banna, fundador da Fraternidade Muçulmana, em 1948. O golpe militar e a consequente chegada ao poder do general Gamal Abdel Nasser em 1956, auxiliado por militares ligados à Fraternidade Muçulmana, reunificou a Fraternidade por algum tempo, a qual então se havia dividido em pelo menos três facções.
Depois, as diferenças que começaram a brotar entre Nasser e a Fraternidade levaram a longo período de repressão, que durou até meados dos anos 1960, quando a Fraternidade desistiu oficialmente da militância armada e abraçou as vias democráticas.
No início dos anos 1970, a Fraternidade Muçulmana e grupos de militância islâmica pareciam relíquias de museu, mas voltaram à vida no final dos anos 1970 e, no início dos anos 1980 já estavam capacitados para, sob o comando de Ayman al-Zawahiri, planejar um golpe de Estado. O golpe falhou por vários motivos, mas os militantes conseguiram assassinar o presidente Anwar Sadat em 1981.
Estudo atento da história da militância islâmica no Egito mostra que, embora tenha sido esmagada várias vezes, ela sempre renasce, mesmo que depois de muito tempo.
Depois do assassinato de al-Banna, os movimentos militantes surgiram como reação ao crime. Do final dos anos 1950 até os 1960, a militância assumiu traços de fundamentalismo extremamente ideológico e declarou que o Egito seria sociedade de hereges. Foi o início de uma rebelião, mas foi controlada até meados de 1970, quando o reatamento de relações diplomáticas entre Egito e Israel deu novo alento aos militantes, ação que culminou com o assassinato de Sadat.
Jihad afegã nos anos  1980 deu nova dimensão à militância islâmica, que trabalhou por uma revolução islâmica no Egito. Mas no início dos anos 2000, as autoridades outra vez retomaram o controle.
Agora, aí estão os protestos de massa gigantes no Egito, e a militância pode renascer – dessa vez, com uma outra dimensão: nos palcos de guerra do Afeganistão e do Iraque, as guerrilhas são lideradas pelo campo egípcio controlado pela al-Qaeda, e o levante nas ruas do mundo árabe pode garantir popularidade sem precedentes ao radicalismo. (Ver “Al-Qaeda’s unfinished work” [O trabalho não concluído da Al-Qaeda], 1/2/2011, Asia Times Online, em português, aqui].
*Syed Saleem Shahzad é editor-chefe da sucursal de Asia Times Online no Paquistão