quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A REDE GLOBO, AS ENTREVISTAS E O DEFEITO DE NASCIMENTO

Não assisti nenhuma das entrevistas com os presidenciáveis do Jornal Nacional. Nem a da minha candidata Dilma Roussef, mesmo tendo compartilhado a sua gravação no meu face. Não tenho mais paciência de assistir o jornal da Globo e escrevo este artigo baseado somente no que li nas redes sociais das opiniões dos apoiadores, ou não, dos candidatos. 
É natural, até pelo ambiente pouco propício ao debate político de uma forma geral, que muitas das opiniões se resumem a atacar, agredir e espinafrar a fala e o desempenho dos candidatos, e todos nós sabemos que muitas destas manifestações são artificiais, de fakes, para tentar desmoralizar o candidato adversário.
Mas uma manifestação pareceu comum a todos os matizes de preferência política: a crítica da postura autoritária, prepotente e desrespeitosa dos entrevistadores Bonner e Poeta (aqueles que me cheiravam a fakes não fizeram tal reclamação). 
Li um artigo, não me recordo o autor, que analisou o comportamento da Globo como uma aparente neutralidade e eqüidistância dos candidatos, tratamento igual a todos entrevistados. O autor não pensa que houve esta neutralidade, mas afirma que houve um esforço encenado. 
Acredito que a Globo tenha tentado, em vão me parece, demonstrar esta neutralidade em função do crescente descrédito que a emissora "conquistou" junto à sociedade, em vários setores sociais e opiniões políticas. 
No entanto, na tentativa de ser dura com todos os entrevistados, exagerando na postura desrespeitosa e autoritária, ela só conseguiu manifestar aquilo que lhe é próprio desde o nascimento. Como rede de TV que cresceu sob as benesses da ditadura, lhe apoiando incondicionalmente, a Globo sempre pareceu como porta voz do governo militar, e do Collor principalmente, pretendendo passar a imagem de quem diz a verdade, a única verdade, a verdade do poder inquestionável.
 O lento declínio da Globo tem início com a crise da ditadura("a rede Globo te faz de bobo"), na democratização do país seguida da experimentação e convivência do povo com as liberdades democráticas e acesso a outras fontes de informação. 
Daí, querendo aparentar uma pseudo neutralidade e credibilidade, acabou reforçando a imagem de quem, por ter quase o monopólio das transmissões, sempre disse a "verdade inquestionável" (se não saiu na Globo, não aconteceu). Com questionamentos de temas polêmicos mais dirigidos mais pra uns do que para outros, os entrevistadores se dirigiam, me parece pelas manifestações de descontentamento de apoiadores de todos os candidatos, como inquisidores já condenando. É incrível a reação quase unânime contra a postura dos âncoras do jornal. Tanto que, pelo fato de Aécio e Eduardo terem sido os primeiros entrevistados, várias manifestações eram "quero ver se com a Dilma eles vão ser duros e desrespeitosos".
A tentativa do que me pareceu ser de tentar maior credibilidade com a "neutralidade" só fez aparecer o maior defeito, adquirido no nascedouro: uma TV com espírito monolítico autoritário próprio da elite mais conservadora do Brasil que apoiou o golpe militar.
O tiro saiu pela culatra. 

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