sábado, 4 de junho de 2011

A USINA BELO MONTE E A INDÚSTRIA DE MOTOS

 

Estou tentando acompanhar, mesmo sem ser uma área que eu tenha um mínimo de domínio crítico, a polêmica em torno da construção da Usina Belo Monte e seus impactos socioambientais.
É evidente que existem forças econômicas e políticas que são contra a construção da usina por ser contra o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Assim como existem forças políticas e sociais que são contra Belo Monte por argumentos sinceros de defesa do meio ambiente e dos grupos indígenas e populações outras que vivem na região, além do significado mais amplo da defesa da economia sustentável.
Também sabemos que em alguns momentos entidades de ambos os lados se encontram e, por ingenuidade ou interesses escusos,  adotam táticas semelhantes para combater a construção da Usina.
Como disse, eu não tenho formação suficiente para tomar uma posição com convicção. E tenho consciência  de que muitas vezes adotamos posição sem a convicção necessária. Nestes casos geralmente seguimos a posição de pessoas, entidades ou governos em quem, previamente, construímos uma relação de confiança política a partir de experiências concretas de ações políticas e dos projetos e idéias defendidas.
No debate de Belo Monte, uma parte razoável  daqueles que eu poderia seguir por posições aparentemente justas são também aqueles que, sem uma estratégia política definida, cometem barbaridades em questões táticas sobre outros assuntos de natureza política e social. E aí, quando vejo estes em aliança com aqueles que tem interesses contrários ao Brasil, sem apresentar uma estratégia política que justifique essa aliança, perdem pra mim a credibilidade.
Geralmente esse descrédito cresce pelo postura arrogante, intransigente e de falta de diálogo (falar, mas também ouvir).
Como não sou de ficar em cima do muro, os elementos que a mim chegam, de ambos os lados, me levam a apoiar a construção de Belo Monte, sem intransigências. Se além de me mostrarem argumentos sólidos sobre o tema, que não se pautam, predominantemente ou unicamente, na descrença do governo atual e apresentarem um projeto claro de desenvolvimento político, econômico e social viável e em consonância com o movimento que a população  realiza de crescimento de consciência, eu posso mudar de opinião. 
Volto a dizer: faço esse movimento sem conhecer e sem ter condições de debater questões ambientais e seus impactos sociais. Sou ignorante no assunto. Ignorante, não burro ou alheio. E faço questão de manter minha transigência como elemento essencial ao diálogo.
Mas já escrevi demais sobre um tema, que como disse, não domino. A questão que eu queria levantar e esperar uma resposta sincera e esclarecedora para minha ignorância é a seguinte.
Em estudo recente o IPEA afirmou que em dez anos a população brasileira estará comprando mais motos do que carros. Outros estudos afirmam que uma moto, movida a combustível fóssil, polue dez vezes mais que um automóvel,  poluindo mais que a indústria. E que em São Paulo, cidade com maior crescimento numérico de motos, o impacto na qualidade do ar já se faz enorme. No inverno, onde as consequências da poluição atmosférica são maiores, o número de crianças com problemas respiratórios  atendidas nas unidades de saúde cresce absurdamente.
No entanto, não vejo nenhuma grande movimentação de entidades ambientais exigindo que a indústria automobilística adote providências para investir em equipamentos que diminuam a emissão de gases poluentes pelas motos. Muito menos vejo entidades internacionais preocupadas com o tema. Será que não há interesse em afrontar a indústria automobilística?  Será que não deveríamos exigir que todas as motos fossem elétricas? Para quem não sabe moto elétrica já é produzida no Brasil. Será que não deveríamos pressionar o Governo e o Congresso para regulamentar com mais rigor este setor de transporte?
Enfim, a pergunta que sinceramente eu faço e, talvez  explicite mais ainda minha ignorância: por que não há campanhas antigovernamentais sobre a questão dos efeitos sócio ambientais da crescimento vertiginoso do número de motos circulando colmo são realizadas campanhas contra a Usina Belo Monte? Posso estar falando a maior besteira, e se alguém me convencer da besteira dou a mão a palmatória, mas me parece que as consequências sócio ambientais de uma é tão importante quanto da outra.

6 comentários:

  1. sonia montenegro soniaamontenegro@gmail.com6/08/2011 3:48 AM

    Eu gostaria de saber qual a razão da moto poluir mais do que os automóves...

    ResponderExcluir
  2. Cara Sonia,

    Como disse não sou um bom conhecedor das questões ambientais e nem técnico na área de motor a combustão, mas já há vários estudos que afirmam quie moto polui muito mais que automóvel. Sugiro uns poucos sites, não os melhores, mas você pode pesquisar junto aos órgãos e entidades de meio ambiente. OK?
    Abração,

    http://www.abve.org.br/destaques/destaque131.shtml

    http://adema-ong.blogspot.com/2009/09/motos-poluem-mais-que-carros.html

    http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/186

    Jorge Perez

    ResponderExcluir
  3. As organizações sérias que trabalham pela preservação ambiental reiteram a todo momento, oportuno ao tema, a necessidade de se investir em transporte público de qualidade, assim como uma gestão inteligente das grandes cidades no sentido de possibilitar o uso de bicicletas como uma forma barata, limpa e segura de locomoção.
    Quanto a Belo Monte, sou contra, mesmo sem ter uma argumentação bem fundada. E por isso mesmo, é necessário um debate bastante aprofundado antes de autorizar a obra. O impacto pode ser irreversível.
    Sempre que puder, acompanharei seu blog. Abraço.

    ResponderExcluir
  4. Claudio Tavares de Mello6/14/2011 10:30 AM

    Escolhas...
    Entre o velho modelo desenvolvimentista ou a negação deste modo de vida explorador?
    Sim, as hidroelétricas contribuem para devastação de florestas e comunidades que vivem de maneira sustentável (produzindo apenas para necessidade local). E hoje vemos, além do desequilíbrio ambiental causado pela ação no mundo inteiro, o agronegócio, que produz colheitas exclusivamente destinadas para exportação.
    Sim, vivemos todos, um “mau desenvolvimento”. Mas a essa altura do campeonato, temos escolha? Ainda temos como jogar um jogo diferente? Só nosso?
    Eu penso que, no momento, não. Não diria não mais, mas ainda não.
    Se não tivermos poder, dinheiro muito, bala na agulha pra jogar este jogo já estabelecido há séculos, não teremos como impor a soberania do Brasil e não poderemos bancar as nossas aspirações, as de um país que decide sobre o seu próprio rumo.
    Eu aceito este fardo quanto a Belo Monte.
    Numa entrevista publicada no Blog de Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/para-onde-ira-a-energia-de-belo-monte), o biólogo americano Philip Fearnside (pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA), que acompanha os planos do governo para explorar o potencial hidrelétrico da Amazônia desde os anos 70, afirma que a Usina de Belo Monte, vendida como solução para evitar o apagão no País, terá boa parte de sua energia usada pela indústria de eletrointensivos, em especial a de alumínio. Para ele, o Brasil vai exportar produtos primários, criando empregos no exterior. “E os impactos vão ficar aqui, com os ribeirinhos e os índios.”
    Mas Fearnside também afirma que seria “Algo muito diferente de exportar um avião de alumínio feito pela Embraer, que gera empregos. O importante no valor do lingote não é o minério ou a mão de obra: é a energia. Exportamos energia elétrica e, com ela, empregos.”
    É muito interessante.! Philip Fearnside quer dizer então, que 30% do que produzirá Belo Monte via exportação de produto primário é um tremendo desperdício e trará prejuízos, mas dá a entender que se esses 30% viessem a ter valor agregado Belo Monte valeria a pena... Levando em conta também que ele parece não discordar do EIA-RIMA, fiquei com a idéia de que Belo Monte não se trata de um desastre ambiental tão grande e tampouco social.
    Se é isso mesmo, acredito que o debate deveria estar voltado para os rumos da política industrial ou melhor dizendo, da política de sustentabilidade, pois, se o impacto ambiental pode ser aceitável, seria muito mais útil se buscássemos uma reorientação nessa política de produção de bens.
    Sem deixar de ser sensível a necessidade de também lutarmos por um modo de vida menos competitivo e mais equilibrado entre nós mesmos e entre a nossa casa Mãe Terra, mas sem ilusões, acredito que quando nos sentirmos seguros de sermos realmente os donos do nosso nariz, talvez possamos apontar e indicar um outro caminho.

    Ah, claro! Cedendo por um lado e resistindo pelo outro... Sou a favor de Belo Monte, mas contra o “novo” Código Florestal. Levem os anéis, mas também não vamos entregar os dedos, né!?
    Jorge, parabéns pelo blog e me desculpe por eu ter me alongado tanto.
    Abração.

    ResponderExcluir
  5. Gostaria de dar minha opinião sobre o assunto. Primeiro, sou contra Belo Monte e contra o aumento de motos e carros nas ruas. Respondendo sua pergunta, o governo é a favor de Belo Monte e de mais veículos nas ruas pelo mesmo motivo: não está nem aí pra população ou pra natureza, sua preocupação é com o lucro e com o crescimento econômico do país. Note que crescimento econômico não quer dizer melhor condição de vida para a população. Normalmente esse aumento de lucro vai para essa coisa abstrata que chamamos de governo, mas que é formado por indivíduos que aumentam sua renda de todas as formas possíveis. Isso inclui caixas-dois de obras superfaturadas, tipo uma usina hidroelétrica; isso inclui a especulação imobiliária de uma área como Altamira, que já se valorizou enormemente nos últimos anos, só com a possibilidade da realização de Belo Monte; isso inclui a caixinha das indústrias, de carro e de moto, que favorecem vários deputados para que trabalhem para eles, e não para o povo. Quando um político não cuida do transporte público, por exemplo, está agindo a favor das indústrias de automóveis.

    ResponderExcluir
  6. Possível solução de toda essa guerra gerada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

    Qualquer atividade que for ser realizada dentro do país, que cause grandes impactos, sejam quais forem, deve ser discutida e aprovada pelo Congresso Nacional, se a mesma envolver todo o país ou se ela estiver relacionada a áreas que estejam sobre os cuidados, proteção e administração da União. Caso não passe pelo Congresso Nacional, exorbita o poder regulamentar do País. Dependendo da gravidade, dos impactos e da possível comoção nacional do povo, o Congresso Nacional pode fazer jus de um plebiscito ou de um referendo (se for o caso).

    Dependendo do caso, o plebiscito e o referendo podem ser pedidos ao Congresso Nacional por meio de um abaixo-assinado vindo do povo, mostrando assim o ensejo do povo em ser ouvido e consultado sobre o tema tratado ou que irá ser tratado pelo Congresso Nacional.

    * Plebiscito é uma consulta ao povo antes de uma atividade ou projeto que vai ser discutido no Congresso nacional ou de uma lei ser constituída, de modo a aprovar ou rejeitar as opções que lhe são propostas.

    * Referendo é uma consulta ao povo após a lei ser constituída (atividade ou projeto), em que o povo ratifica ("sanciona") a lei já aprovada pelo Estado ou a rejeita.

    A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai estar interligada ao Sistema Nacional de Energia Elétrica, ou seja, caso precise da energia dela para se distribuída pelo país, será usada e caso haja um problema de funcionamento nela, como ocorreu na Usina Hidrelétrica de Itaipu, todo o sistema energético do país pode ser comprometido ou deixa de funcionar (todo ou certa parte deste sistema) temporariamente, para evitar possíveis danos e sanar as falhas de tal Usina Hidrelétrica. Isso envolve diretamente a vida de todos os Brasileiros que depende da Energia Elétrica do Sistema Nacional de Energia Elétrica do país.

    Além disso, a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte envolve Terras Indígenas que estão sobre os cuidados, proteção e administração da União.

    Resumindo:

    Basta o povo se organizar e fazer um abaixo-assinado pedido ao Congresso Nacional que seja feito um Referendo, para que o povo possa ser consulta. No referendo, o povo irá ratificar ("sancionar") a lei já aprovada de autorização da Construção de Belo Monte ou rejeitar a mesma.

    "A natureza é fonte inesgotável de saber e vida. Quem a destrói comete o genocídio dos pensamentos e ensinamentos que foram dados por ela."

    (Cientista e Pensador Herbert Alexandre Galdino Pereira)

    ResponderExcluir