Garoto de 8 anos, este filme deixou em mim marcas definitivas de luta pelo poder, pela liberdade, representação política, liderança e regras de convivência social. Claro que naquele momento a leitura não era tão explicita. Mas algumas cenas estimulavam o princípio desses pensamentos, como a transformação da agua do rio em sangue, a abertura das águas do mar para a travessia do povo escolhido por Deus, o sofrimento de Ramsés II ao colocar o filho morto no colo da estátua divina e a destruição do bezerro de ouro.
Acho que qualquer um, que tenha assisitido este filme na infância, foi, de alguma forma, influenciado e formado pelos seus valores políticos e morais. Transpor a mensagem do filme para o momento político da época, vésperas de março de 1964, era um exercício que não dependia de uma pré-consciência política. Vivenciar em casa um pai operário, mas conservador, de família cristã espanhola (quiça franquista) e uma mãe dona de casa, filha de um avô italiano, anarquista, cotidianamnete presente, porque dono e morador da casa onde vivíamos, provocava em mim uma confusão medonha com relação aos modos de vida de cada ramo da família. Felizmente segui o anarquismo do meu nono, inclusive porque estava mais junto de mim não somente fisicamente mas espiritualemente. O nono participava da construção material e social da minha infância, ajudando a constuir meus brinquedos como o carrinho de rolimã.
OS DEZ MANDAMENTOS e as lições do nono me fizeram acreditar que eu devia fazer minhas leis e não acreditar nem em tábuas divinas e nem em bezerros de ouro.
Ah uma última percepção. Na disputa entre o bem (Moisés) e o mal (Ramsés) preferia a imagem de Yul Bryner com aquela elegante roupa egípcia e sua careca impecável.
É claro que tudo isso é minha memória construida hoje, adulto, com 57 anos. Mas ela, a memória, hoje só é assim porque as sensações e emoções daquele período foram de uma determina maneira. Por isso que é MEMÓRIA MÁGICA.
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