quinta-feira, 29 de setembro de 2011

LULA EM PARIS: IMPRENSA SABUJA DÁ VEXAME




Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?

Começa assim, acreditem, com esta pergunta indecorosa, a entrevista de Deborah Berlinck, correspondente de "O Globo" em Paris, com Richard Descoings, diretor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences- Po, que entregou o título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula, na tarde desta terça-feira.

Resposta de Descoings:
"O antigo presidente merecia e, como universitário, era considerado um grande acadêmico (...) O presidente Lula fez uma carreira política de alto nível, que mudou muito o país e, radicalmente, mudou a imagem do Brasil no mundo. O Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula, e ele não tem estudo superior. Isso nos pareceu totalmente em linha com a nossa política atual no Sciences- Po, a de que o mérito pessoal não deve vir somente do diploma universitário. Na França, temos uma sociedade de castas. E o que distingue a casta é o diploma. O presidente Lula demonstrou que é possível ser um bom presidente, sem passar pela universidade".

A entrevista completa de Berlinck com Descoings foi publicada no portal de "O Globo" às 22h56 do dia 22/9. Mas a história completa do vexame que a imprensa nativa sabuja deu estes dias, inconformada por Lula ter sido o primeiro latino-americano a receber este título, que só foi outorgado a 16 personalidades mundiais em 140 anos de história da instituição, foi contada por um jornalista argentino, Martin Granovsky, no jornal Página 12.

Tomei emprestada de Mino Carta a expressão imprensa sabuja porque é a que melhor qualifica o que aconteceu na cobertura do sétimo e mais importante título de Doutor Honoris Causa que Lula recebeu este ano. Sabujo, segundo as definições encontradas no Dicionário Informal, significa servil, bajulador, adulador, baba-ovo, lambe-cu, lambe-botas, capacho.

Sob o título "Escravocratas contra Lula", Granovsky relata o que aconteceu durante uma exposição feita na véspera pelo diretor Richard Descoings para explicar as razões da iniciativa do Science- Po de entregar o título ao ex-presidente brasileiro.

"Naturalmente, para escutar Descoings, foram chamados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser amável e didático (...). Um dos colegas perguntou se era o caso de se premiar a quem se orgulhava de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e deu um olhar de assombrado(...).

"Por que premiam a um presidente que tolerou a corrupção", foi a pergunta seguinte. O professor sorriu e disse: "Veja, Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o julgamento da História este assunto e outros muito importantes, como a eletrificação das favelas em todo o Brasil e as políticas sociais" (...). Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente, não damos lições de moral a outros países.

"Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa de Lula era parte da ação afirmativa do Sciences Po. Descoings o observou com atenção, antes de responder. "As elites não são apenas escolares ou sociais, disse. "Os que avaliam quem são os melhores, também. Caso contrário, estaríamos diante de um caso de elitismo social. Lula é um torneiro-mecânico que chegou à presidência, mas pelo que entendi foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas".

No final do artigo, o jornalista argentino Martin Granovsky escreve para vergonha dos jornalistas brasileiros:
"Em meio a esta discussão, Lula chegará à França. Convém que saiba que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria exercer o recato. No Brasil, a Casa Grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terra e escravos. Assim, Lula, silêncio por favor. Os da Casa Grande estão irritados".

Desde que Lula passou o cargo de presidente da República para Dilma Rousseff há nove meses, a nossa grande imprensa tenta jogar um contra o outro e procura detonar a imagem do seu governo, que chegou ao final dos oito anos com índices de aprovação acima de 80%.

Como até agora não conseguiram uma coisa nem outra, tentam apagar Lula do mapa. O melhor exemplo foi dado hoje pelo maior jornal do país, a "Folha de S. Paulo", que não encontrou espaço na sua edição de 74 páginas para publicar uma mísera linha sobre o importante título outorgado a Lula pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Em compensação, encontrou espaço para publicar uma simpática foto de Marina Silva ao lado de Fernando Henrique Cardoso, em importante evento do instituto do mesmo nome, com este texto-legenda:
"AFAGOS - FHC e Marina em debate sobre Código Florestal no instituto do ex-presidente; o tucano creditou ao fascínio que Marina gera o fato de o auditório estar lotado".

Assim como decisões da Justiça, criterios editoriais não se discute, claro.
Enquanto isso, em Paris, segundo relato publicado no portal de "O Globo" pela correspondente Deborah Berlinck, às 16h37, ficamos sabendo que:
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com festa no Instituto de Estudos Políticos de Paris - o Sciences- Po _, na França, para receber mais um título de doutor honoris causa, nesta terça-feira. Tratado como uma estrela desde sua entrada na instituição, ele foi cercado por estudantes e, aos gritos, foi saudado. Antes de chegar à sala de homenagem, em um corredor, Lula ouviu, dos franceses, a música de Geraldo Vandré, "para não dizer que eu não falei das flores.

"A sala do instituto onde ocorreu a cerimônia tinha capacidade para 500 pessoas, mas muitos estudantes ficaram do lado de fora. O diretor da universidade, Richard Descoings, abriu a cerimônia explicando que a escolha do ex-presidente tinha sido feita por unanimidade".

Em seu discurso de agradecimento, Lula disse:
"Embora eu tenha sido o único governante do Brasil que não tinha diploma universitário, já sou o presidente que mais fez universidades na história do Brasil, e isso possivelmente porque eu quisesse que parte dos filhos dos brasileiros tivesse a oportunidade que eu não tive".

Para certos brasileiros, certamente deve ser duro ouvir estas coisas. É melhor nem ficar sabendo.

Ricardo Kotscho
Blog do Ricardo Kotscho

domingo, 25 de setembro de 2011

UMA BRISA SOPROU NO PT DE PERNAMBUCO


COLETIVO PT MILITANTE é o nome do novo agrupamento formado no PT de Pernambuco. Mantendo a integração com a CNB Nacional, 100 militantes, dirigentes, parlamentares e executivos, representando diversas regiões do estado, decidiram por consenso o nome e estrutura do agrupamento. O Seminário teve a apresentação dos temas a) história da formação do agrupamento, feita por Jorge Perez, e b) Resoluções do IV Congresso Nacional do PT, por Tereza Leitão. Foram discutidas ainda campanha de filiação, organização dos setoriais do partido e eleições 2012. Ao final do Seminário foi eleita uma coordenação composta dos seguintes companheiros(as): Beatriz Gomes, Horácio Reis, Glaucus Lima, Jorge Perez, Paulo Valença e Tereza Leitão. O Seminário do COLETIVO realizou-se no dia 24/09, no auditório do SINDPD. O documento FORTALECER O PROJETO ESTRATÉGICO DO PT, lançado no final de agosto com 113 assinaturas, que deu origem ao COLETIVO, ja conta com a adesão de mais de 200 militantes.

domingo, 18 de setembro de 2011

LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU XIII

AMARGO REGRESSO, filme de Hal Ashby, com John Voight e Jane Fonda.

Um dos filmes mais contundentes na denúncia das consequências da Guerra do Vietnã para quem foi "obrigado" a dela participar. Digo "obrigado a participar" porque mesmo entre aqueles que se alistaram voluntariamente, acreditando participar de uma ação em defesa de valores humanos, voltaram percebendo o grande mal que o poder americano provocava ao mundo e aos seus cidadãos interferindo de forma assassina na vida de um povo de outro país. .A crítica do filme é devastadora sobre os efeitos da guerra sobre os americanos.

 A guerra, contraditoriamente, contribuiu para a grande transformação que a juventude provocaria na sociedade mundial na decada de 60, através do movimento pacifista nos Estados Unidos que se somou à revolta dos jovens franceses contra a repressão de uma sociedade de valores putrefatos e a mobilização da juventude pela democracia e liberdade no leste europeu e América Latina. O período ficou marcado pela conquista de novos valores éticos, políticos  e costumes sociais em todo o planeta.

Todos aqueles que tiveram a oportunidade de viver e participar deste período histórico, seja pela via política, cultural ou de contestação dos costumes conservadores, sabem o que significa "juventude revolucionária". Não sei se em algum outro momento histórico a juventude foi tão protagonista quanto nos anos 60. Talvez seja o momento histórico onde cinema tenha sido mais reflexivo sobre o contexto social em que ele era produzido.

Há que se destacar ainda as músicas dos Rolling Stones, Beatles e Jimi Hendrix que compõe a trilha sonora do filme.

Não fosse o poder quase absoluto da mídia americana em desserviço da história e da sociedade americana, apesar da liberdade política, mas não econômica, que vigora naquele país, as lembranças e a reflexão sobre a guerra do Vietnã teriam efeitos mais saudáveis sobre a política dos EUA no Iraque, Afeganistão, etc. Depois dizem que são os brasileiros que não tem memória.

Por fim, o romance vivido pelos personagens de John Voight e Jane Fonda é emocionante e nos deixa extasiados.

Quem não assistiu sugiro buscar o DVD numa locadora de qualidade.



domingo, 11 de setembro de 2011

ONDE ESTAVA ONTEM A CORRUPÇÃO DE HOJE?




Pela falta de análise histórica e pela censura que a mídia e o conservadorismo da nossa sociedade impõe, parece que foi só nos últimos anos que a corrupção correu solta no país, desviando bilhões dos cofres públicos. Mas não é bem assim, e os corruptores e quem guarda a memória sabem disso.

De fato nos últimos tempos o assalto aos cofres públicos é explicito e se localiza diretamente nos orçamentos da União, Estados e Municípios. Mas anteriormente o assalto se realizava em outro lugar, mais escondido da sociedade, mais seguro. Aliás naquele tempo não se falava muito a palavra corrupção, usava-se o termo de favorecimentos ilícitos, gestão temerária, etc.  A corrupção estava, entre outros lugares, muito bem instalada no sistema financeiro, em particular nos bancos públicos onde os governantes de plantão usaram e abusaram deles para favorecer, em boa parte, os mesmos corruptores de hoje. Vamos lembrar.

Praticamente todos os bancos estaduais faliram por conta de empréstimos podres que foram concedidos a empresários amigos dos governantes de plantão.

O Banespa foi um dos que maior prejuízo deixou a nação. Ações do Ministério Público nunca chegaram de verdade a investigar a fundo o assalto aos cofres do Banespa e outros. O Banerj escandalizou a sociedade carioca. O Bandepe, que foi usado para construir o estádio do Arruda, e que também jogou rios de dinheiro nas mãos dos usineiros que nunca devolveram. Usineiros que faliram as usinas, mas acumularam um bom patrimônio na Avenida Boa Viagem, no Recife e financiaram boa parte dos políticos ligados à ditadura. Banco do Estado do Maranhão, cujas famílias oligárquicas secaram seus cofres. Poderiamos citar um a um todos os bancos estaduais, que sem exceção, participaram, nas décadas de 70 e 80, da farra de empréstimos a fundo perdido. Perdido pra quem? Até bancos privados foram usados para a política de favorecimento político e enriquecimento ilícito, como o Banco Econômico que na Bahia era o segundo orçamento do governo de ACM.

O prejuízo final foi parar aonde? No PROER de FHC que usou bilhões dos cofres públicos para sanear estes bancos e passa-los limpos para os banqueiros privados, nacionais e internacionais. Além dos bilhões do PROER, lembram-se da chamada parte podre dos bancos? Foram estatizados e ficaram para o Banco Central contabilizar o prejuízo.

Quantos bilhões foram aí desviados? Como se não bastasse isso, cerca de 400 mil bancários foram sumariamente demitidos, em plena recessão econômica, sem condições de encontrar outro trabalho. Muitos passaram de classe média para miseráveis. Dezenas, centenas talvez, anônimos, suicidaram-se.

Mas não foi só isso. No sistema financeiro ainda foram usados e abusados os recursos dos bancos públicos federais, que não quebraram por serem profundamente enraizados na sociedade brasileira que os sustentou. Quantos operações de crédito do Banco do Brasil, a empresários de diversos setores econômicos, particularmente da agricultura, foram usados para financiar eleição de candidatos do governo? O Banco do Nordeste, quem se lembra de Byron Queiroz, o presidente do banco preferido de FHC, que jogou o BNB na lona, e que só sobreviveu por força da luta de seus funcionários e da organização sindical. A Caixa Econômica, o BASA, o BNDS quantos bilhões emprestaram como fundo perdido. Os bilhões que o BNDS jogou nas mãos de investidores estrangeiros para comprar a preço de banana empresas estatais como a Vale do Rio Doce.

Pois é naquela época não se tratava disso propriamente como corrupção. Falava-se no lucro que banqueiros tiveram com o PROER. Mas nós sabemos que aqueles bilhões foram usados para enriquecimento ilícito e para empresários financiarem eleições dos candidatos governistas daquele período. E saíram do orçamento público. Um parênteses só para lembrar certas discussões. Bolsa família para ajudar a sobrevivência de miseráveis é assistencialismo eleitoreiro, e o PROER, foi o quê?

À medida que o sistema financeiro estadual quebrou, que a SELIC foi pra estratosfera dos 40% anuais, que era mais vantajoso para os bancos a ciranda financeira, os corruptores foram buscar os recursos diretamente no orçamento da união.

E qual o caminho que eles fizeram para chegar ao orçamento da união. Aumentaram os valores das emendas individuais dos parlamentares, instrumento criado pela ditadura militar, e estão se aproveitando que o governo Lula e Dilma aumentaram os investimentos em obras estruturadoras em todo o país. Os corruptores criaram um sistema de adentrar as licitações através de governantes e servidores corruptos. Se investigarmos a fundo os beneficiários desta atual corrupção não serão muito diversos daqueles que assaltaram os bancos públicos. E uma parte considerável de parlamentares estão diretamente envolvidos nestes “favorecimentos” de licitações. Como o crime organizado que se infiltrou nas polícias, os corruptores se infiltraram nas repartições públicas e no judiciário. Como parte do Congresso se beneficia de financiamentos de campanha com esta política, a Reforma Política não avança. É só ver quem resiste a levar adiante a reforma. Não vejam pelo discurso, mas sim pelos votos, posicionamentos lá dentro do parlamento e pelos financiadores de suas campanhas.

Acho que toda luta contra a corrupção é importante. Umas mais, outras menos. Umas sinceras e outras demagógicas. A Frente Parlamentar contra a corrupção puxada por parlamentares do DEM/PSDB e alguns do PMDB é majoritariamente formada por quem é contra a alteração do atual sistema político que os favorece eleitoralmente.

É verdade que a sociedade está incomodada com todas as denúncias de corrupção, mas o movimento que ocorreu no dia 7 de Setembro, como luta real contra a corrupção, parece não ter futuro. Os organizadores deste movimento, que não foi tão espontâneo assim (a imprensa ajudou bastante na divulgação), não conhecem (outros fingem não conhecer), e portanto não consideram, o processo histórico da formação da máquina corrupta no Brasil. Não sabem articular a luta contra a corrupção às transformações necessárias para acabar com ela como processo que se organiza historicamente. Talvez ele até contribua para mobilizar certos setores que estavam na apatia, mas se o movimento não tiver uma perspectiva política clara ou se mostrar uma faceta política conservadora, logo se esvaziará como aquele tal do CANSEI.

Veremos. 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Manifesto

FORTALECER O PROJETO ESTRATÉGICO DO PT

"A vocação transformadora de um partido político

é inseparável do esforço permanente para aperfeiçoar

a capacidade teórica e prática de seus militantes"

(extraído do caderno de formação do PT)

O Partido dos Trabalhadores nasceu das lutas populares e definiu-se como um partido classista, de organização autônoma e independente, plural e de base. Tornou-se a grande novidade na política brasileira, rompendo com os velhos esquemas de partidos dominados pelas oligarquias e introduzindo na cultura política o interesse pelos valores éticos, transparentes e democráticos, trazendo para mais próximo de nós o caminho da conquista de uma sociedade com justiça, solidariedade, democracia e igualdade, uma sociedade socialista.

Fincado nesses alicerces e com as raízes nos movimentos sociais e sindicais, o Partido dos Trabalhadores, desde o seu nascimento até os dias de hoje, tornou-se a voz do povo. Exerceu esse papel no combate à ditadura, na constituinte e na resistência à política neoliberal.

Nos últimos dez anos o PT situa-se no cenário político como uma alternativa real de poder e no exercício da política aprendeu que em uma sociedade plural como a brasileira, para governar, é preciso desenvolver a prática de fazer alianças, entendendo que aliança política se faz com programa, com transparência e sem adesismo. Como resultado de seu protagonismo, nos seus 31 anos, o PT conquistou um lugar privilegiado junto à população brasileira e é a maior referência de esquerda no cenário internacional.

No exercício do poder o Partido dos Trabalhadores implantou na administração pública o modo petista de governar, transferindo para o Estado as políticas concebidas nos fóruns de debates populares vivenciados junto com a sua valorosa militância, cuja maior referência encontra-se no Governo do Companheiro LULA, estrondosamente aprovado pela população brasileira.

As mudanças sociais se deram efetivamente com a implementação das políticas de distribuição de renda, de emprego, de combate à pobreza e à fome, do aumento do salário mínimo, da construção de casas populares, do ProUni, do Programa Luz para Todos, do enfrentamento aos preconceitos, de avanços na educação, na saúde e na agricultura familiar, de ações afirmativas em favor das mulheres, dos negros e negras e as ações pela consolidação dos direitos humanos.

Essas mudanças que transformaram a imagem do Brasil no exterior e influenciaram positivamente na qualidade de vida das pessoas, são frutos das políticas sociais e de investimentos na infraestrutura do país, e sobretudo pela política de fortalecimento do papel do Estado com a interrupção do processo de privatização e de desqualificação dos serviços e dos servidores/as públicos/as, rompendo com os pilares da doutrina neoliberal e implantando o Estado democrático- popular  que tem um relevante papel na promoção dos direitos de cidadania.

O projeto político do PT vive uma nova fase com a eleição de Dilma, após oito anos do bem-sucedido governo Lula. É hora de aprofundar as mudanças, aperfeiçoar as medidas, avançar na consolidação da democracia e da inclusão social.

Hoje, passamos por um novo período dos velhos ataques e das insistentes tentativas da oposição de gerar, ainda que artificialmente, uma crise política no governo, semeando um clima de instabilidade. A crise econômica mundial certamente repercute no Brasil e o PT tem papel destacado no governo para implementar medidas de enfrentamento e superação.

Nesse momento é preciso manter o partido organizado, estreitar a relação com os movimentos sociais, mobilizar os seus mandatários, militantes e dirigentes para numa ação articulada, garantir o apoio e a sustentabilidade política à Presidenta Dilma, preservar os avanços já estabelecidos e a credibilidade do partido perante a sociedade.

Queremos avançar em um contexto político em que, ao mesmo tempo, é preciso derrotar a direita e nos fortalecer diante dos aliados. Aqui em Pernambuco isso é evidente. Para ajudar na sustentação do governo Dilma e reforçar a construção do nosso projeto, o PT precisa se movimentar em duas direções que se complementam: a) crescer na presença institucional em 2012, nas prefeituras e câmaras municipais; b) fortalecer sua autonomia e papel político, ocupando seu espaço na aliança, que ajudamos a eleger e formatar.

Temos consciência de que o PT não é o único ente político comprometido com as transformações sociais. Temos preciosos aliados, desde partidos políticos até organizações, movimentos sociais e instituições, que  precisam ser considerados. Porém, o PT não pode descuidar do reconhecimento do seu próprio potencial político, de qualificar e estimular seus quadros, de preparar sua militância para esse próximo período da conjuntura.

Tal conjuntura exige dos petistas do Estado de Pernambuco uma visão mais ampla desse projeto estratégico que ao ser implementado permita aglutinar forças, mobilizar a militância, favorecer o diálogo e o fortalecimento do partido, bem como a superação de métodos individualistas hoje tão cultuados dentro da tendência majoritária.

É fato que, de uns tempos para cá, em Pernambuco, a CNB deixou de cumprir o papel organizador da militância e referenciador dos dirigentes responsáveis pela construção partidária.  Estabeleceu uma política de distanciamento dos movimentos sociais, de ausência de debates estratégicos, de fulanização de projetos políticos e adotou como regra a prática de tomada de decisões individuais ou no máximo de pequenos grupos. Até tentamos, pacientemente, disputar por dentro da CNB nossa concepção, haja vista a sua peculiar pluralidade.  Mas os métodos de conduta acima citados, tornaram impossível a nossa convivência em um mesmo grupo aqui em Pernambuco. Falta o sentimentos de pertencimento, gerador da identidade coletiva.

Nós que subscrevemos esse manifesto, nos contrapomos a esses métodos, por considerá-los contrários às doutrinas do Partido dos Trabalhadores e manifestamos dentro do Partido e de público os nossos propósitos:

Queremos exercitar as boas práticas políticas do Partido dos Trabalhadores, trazendo para dentro do partido a discussão sobre os temas que estão em pauta como a Reforma Política, os avanços e dificuldade das administrações petistas no Estado, a estratégia política para as eleições 2012, as ações e práticas dos petistas dentro da administração federal e  no governo de aliança no estado. Reorganizar as relações com os movimentos populares, sindicais e das juventudes.

Queremos uma CNB representativa de todos os segmentos sociais que compõem o PT. Valorizamos e apoiamos a participação do partido na esfera institucional, entendendo que o debate não pode estar restrito a esse segmento, pois a riqueza política do PT se sustenta na participação dos diversos setores organizados no seu interior e que a importância  da representação institucional se manifesta sobretudo na identidade partidário do mandatário.

A CNB no âmbito nacional continua representando o projeto principal de avanços na construção e ação do partido.  Como um grupo autônomo no estado, manteremos nossas relações orgânicas com a coordenação nacional da corrente. Não estamos, portanto, criando uma nova tendência, pelo contrário, estamos nos organizando para recuperar o papel político que a CNB, como uma corrente democrática e participativa, pode realizar.

Respeitamos a direção que o Presidente Pedro Eugênio imprime ao partido. E ele precisa do apoio decisivo de todos (as). Ele conta com nosso apoio para o fortalecimento do PT. Reafirmamos nosso compromisso com a democracia interna, com o fortalecimento da interiorização e apoio aos nossos Prefeitos/as, Vices e Vereadores/as, com a mobilização e organização da militância que não pode ficar restrita ao período eleitoral, com a necessidade de se colocar os mandatos legislativos e executivos sintonizados com os princípios do partido.

Conclamamos a todos/as que concordam com esta avaliação e perspectiva para iniciarmos amplamente tal debate. Este manifesto é o início da discussão, não o seu fechamento. Queremos ouvir e discutir com todos os/as companheiros/as que pensam na política como atividade coletiva e acreditam que sonhos, quando colocados em movimento, podem se transformar em realidade.

Saudações petistas

Recife, 26 de agosto de 2011

Seguem-se 113 assinaturas de militantes e dirigentes de várias regiões do estado de Pernambuco