Recife, 10 de outubro de 2011.
Meu caro Adilson Gomes
Considero a política uma atividade livre da sociedade e a democracia garante a qualquer cidadão dela participar e emitir suas opiniões. Assim, não preciso de carteira assinada pelo governador, senador, deputado federal, estadual, prefeito ou vereador para participar, discutir e organizar a política na cidade em que vivo. Nunca precisei. Sempre me sustentei com meu trabalho de funcionário concursado do Banco do Brasil, do qual hoje sou aposentado com muito orgulho. Só nas ditaduras é preciso haver permissão, através da carteira assinada (emprego) do governante para exprimir idéias e análises políticas.
Não quero e nem pretendo dar aulas de política a ninguém. Não sou autoridade e muito menos autoritário no assunto. Mas se quisermos fazer análises de fatos históricos é preciso questionar: em 2002 o meu partido apoiou o vitorioso Lula para Presidente da República. Naquela época o PSB lançou à Presidência o carioca Garotinho. Não precisa ser professor de política pra se pensar o que teria acontecido a Pernambuco e ao Brasil se, em vez de Lula, tivesse sido o candidato do PSB eleito. Entre outras coisas, muito provavelmente Eduardo Campos não seria governador do estado que mais cresce no país.
E mais, na minha opinião o PSB, que participou e participa da coalizão governamental nacional encabeçada pelo PT, não deveria se aliar aos oposicionistas Sergio Guerra de Pernambuco, Aécio Neves de Minas Gerais, Kassab de São Paulo e Raimundo Colombo de Santa Catarina. A imprensa do sul constantemente divulga reuniões do governador Eduardo Campos com o governador Raimundo Colombo de Santa Catarina, cria de Jorge Bornhausen. Aliás, recentemente, fruto destas discussões com o governador de Santa Catarina, o PSB daquele estado foi entregue a uma pessoa ligada a Bornhausen. Estas ações do PSB são um direito da liberdade política existente no pais, mas não me peça para concordar com isso. Não precisa ser doutor em política para saber o que significa estas articulações do PSB a nível nacional. Aliás, estas movimentações do PSB foram preocupante tema no recente Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores.
Por fim, queria lhe dizer que uma das coisas mais importantes que fiz para Pernambuco foi ter apoiado Lula em 2002. Antes disso, também acredito que agi corretamente ao combater a entrega que Eduardo Campos fez, quando Secretário da Fazenda no último governo Arraes, da direção do Bandepe a representantes do Banco Central privatista de Fernando Henrique Cardoso. Todo mundo sabe o mal que se fez ao estado a privatização do Bandepe. Na época eu era presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Também imagino que fiz um bom trabalho ao combater a política de FHC/Jarbas Vasconcelos de destruir a assistência à saúde dos servidores públicos estaduais. Como presidente da CUT, coordenei o Fórum dos Servidores que elaborou a proposta do Sassepe e, com muita luta, instituimos esta entidade no governo Jarbas. Pernambuco é um dos únicos estados em que os servidores públicos não foram jogados nas mãos de um dos planos privados de saúde que tanto exploram a população brasileira. Quase um milhão de pernambucanos, servidores e seus familiares, tem a proteção à saúde minimamente garantida graças a esta conquista que ajudei a construir.
Adilson, como democrata respeito suas opiniões mas não vou me submeter a um debate rasteiro que você propõe. Como cidadão livre continuarei a expor minhas opiniões e, quando necessário, terei a dignidade de divergir daquilo que não concordo, sem precisar dizer amém a ninguém, a não ser a minha consciência que não está a venda por um emprego.
O PT de Pernambuco tem vontade de crescer e isto é um direito democrático. Pode ser que por conta dessa vontade o PSB se incomode, mas é o povo quem deve escolher seus governantes soberanamente. Não se preocupe. Não defendo a quebra da aliança com o PSB, mas não concordarei que se use esta aliança para fazer um jogo anti-petista.
Lamento sua postura rasteira neste debate político ao tentar me desqualificar. Sempre tive em conta você como um bom debatedor, vejo que me enganei.
Cordial abraço,
Jorge Perez
Assim deveriam ser os militantes partidários, agindo de acordo com crença e fé, nunca por conveniências. Os partidos seriam fortes e a democracia estaria definitivamente consolidada. Ajuntamentos convenientes não são agremiações partidárias. Parabéns pela lucidez.
ResponderExcluirSomos todos livres para expressar posições políticas sem prestar continência a ninguém. Ninguém tem a propriedade de nosso pensamento. @sulains
É triste ver pessoas que pensam da forma do Adilson se colocarem como representate de um partido político. Os partidos deveem ser representados por pessoas com o mínimo de bom senso, com o mínimo de senso democrático.
ResponderExcluirMuito infeliz a fala de Adilson. Parabéns pela bela resposta Jorge!
ResponderExcluirLamentável declaração de Adilson. Também o estimo muito e estranhei sua declaração.
ResponderExcluirCamarada Jorge, sua biografia de lutas desabona todos os argumentos equivocadamente colocados.
Um forte abraço.
Bráulio Wanderley
Historiador, Mestrando em Educação, Militante do PT Petrolina-PE e Editor do Blog História Vermelha.
O comentário de Adilson reflete a visão daqueles que fazem política apenas visando cargos. Estes se incomodam com o jetio petista de pensar e agir a partir de projetos coletivos.
ResponderExcluirMessias Melo
Secretário Nacional de Relações do Trabalho da CUT