sexta-feira, 30 de setembro de 2011

DEPUTADO JOÃO PAULO(PT-PE) DECIDE FICAR NO PARTIDO




João Paulo decidiu ficar no PT. Podemos dizer que é uma decisão histórica. Por vários motivos. Ela reafirma que a política não pode estar submetida a brigas pessoais, como a que aconteceu entre os dois Joãos, e que os projetos pessoais, muita vezes legítimos, no PT precisam ser referendados pelo partido. Ela mantém João Paulo no curso da trajetória política que marcou sua vida, sua  militância e sua posição de esquerda, diferente do que aconteceu com muitos outros que deixaram o PT, e que, por uma via ou outra, negaram suas histórias. Reafirma para a sociedade que o PT é um partido diferente sim, e que as contradições e divergências internas podem conviver se o projeto político de sociedade comum for o principal elemento para militar no partido. Reforça o papel da direção partidária que desde o início das discussões em nenhum momento vacilou na sua posição de que era fundamental João Paulo continuar no partido. Negou todo o esforço de alguns que, aparentando “defender” João Paulo, queriam sim  era desestabilizar o partido e a sucessão municipal do Recife, e agora certamente irão criticar a decisão tomada.
Neste momento em que as fronteiras e constituições de partidos são muito tênues e artificiais, a postura de João Paulo dá um exemplo que valoriza a atividade política partidária.

É verdade que esta polêmica toda poderia ter sido evitada, mas ao final ela serviu para reforçar o que nós, do COLETIVO PT MILITANTE, estamos afirmando: é preciso  FORTALECER O PROJETO ESTRATÉGICO DO PT, e a decisão de João Paulo vai nesta direção. Parabéns João Paulo, nos não temos a genética do PSD e outros.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

LULA EM PARIS: IMPRENSA SABUJA DÁ VEXAME




Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?

Começa assim, acreditem, com esta pergunta indecorosa, a entrevista de Deborah Berlinck, correspondente de "O Globo" em Paris, com Richard Descoings, diretor do Instituto de Estudos Políticos de Paris, o Sciences- Po, que entregou o título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente Lula, na tarde desta terça-feira.

Resposta de Descoings:
"O antigo presidente merecia e, como universitário, era considerado um grande acadêmico (...) O presidente Lula fez uma carreira política de alto nível, que mudou muito o país e, radicalmente, mudou a imagem do Brasil no mundo. O Brasil se tornou uma potência emergente sob Lula, e ele não tem estudo superior. Isso nos pareceu totalmente em linha com a nossa política atual no Sciences- Po, a de que o mérito pessoal não deve vir somente do diploma universitário. Na França, temos uma sociedade de castas. E o que distingue a casta é o diploma. O presidente Lula demonstrou que é possível ser um bom presidente, sem passar pela universidade".

A entrevista completa de Berlinck com Descoings foi publicada no portal de "O Globo" às 22h56 do dia 22/9. Mas a história completa do vexame que a imprensa nativa sabuja deu estes dias, inconformada por Lula ter sido o primeiro latino-americano a receber este título, que só foi outorgado a 16 personalidades mundiais em 140 anos de história da instituição, foi contada por um jornalista argentino, Martin Granovsky, no jornal Página 12.

Tomei emprestada de Mino Carta a expressão imprensa sabuja porque é a que melhor qualifica o que aconteceu na cobertura do sétimo e mais importante título de Doutor Honoris Causa que Lula recebeu este ano. Sabujo, segundo as definições encontradas no Dicionário Informal, significa servil, bajulador, adulador, baba-ovo, lambe-cu, lambe-botas, capacho.

Sob o título "Escravocratas contra Lula", Granovsky relata o que aconteceu durante uma exposição feita na véspera pelo diretor Richard Descoings para explicar as razões da iniciativa do Science- Po de entregar o título ao ex-presidente brasileiro.

"Naturalmente, para escutar Descoings, foram chamados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser amável e didático (...). Um dos colegas perguntou se era o caso de se premiar a quem se orgulhava de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e deu um olhar de assombrado(...).

"Por que premiam a um presidente que tolerou a corrupção", foi a pergunta seguinte. O professor sorriu e disse: "Veja, Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o julgamento da História este assunto e outros muito importantes, como a eletrificação das favelas em todo o Brasil e as políticas sociais" (...). Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente, não damos lições de moral a outros países.

"Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa de Lula era parte da ação afirmativa do Sciences Po. Descoings o observou com atenção, antes de responder. "As elites não são apenas escolares ou sociais, disse. "Os que avaliam quem são os melhores, também. Caso contrário, estaríamos diante de um caso de elitismo social. Lula é um torneiro-mecânico que chegou à presidência, mas pelo que entendi foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas".

No final do artigo, o jornalista argentino Martin Granovsky escreve para vergonha dos jornalistas brasileiros:
"Em meio a esta discussão, Lula chegará à França. Convém que saiba que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria exercer o recato. No Brasil, a Casa Grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terra e escravos. Assim, Lula, silêncio por favor. Os da Casa Grande estão irritados".

Desde que Lula passou o cargo de presidente da República para Dilma Rousseff há nove meses, a nossa grande imprensa tenta jogar um contra o outro e procura detonar a imagem do seu governo, que chegou ao final dos oito anos com índices de aprovação acima de 80%.

Como até agora não conseguiram uma coisa nem outra, tentam apagar Lula do mapa. O melhor exemplo foi dado hoje pelo maior jornal do país, a "Folha de S. Paulo", que não encontrou espaço na sua edição de 74 páginas para publicar uma mísera linha sobre o importante título outorgado a Lula pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Em compensação, encontrou espaço para publicar uma simpática foto de Marina Silva ao lado de Fernando Henrique Cardoso, em importante evento do instituto do mesmo nome, com este texto-legenda:
"AFAGOS - FHC e Marina em debate sobre Código Florestal no instituto do ex-presidente; o tucano creditou ao fascínio que Marina gera o fato de o auditório estar lotado".

Assim como decisões da Justiça, criterios editoriais não se discute, claro.
Enquanto isso, em Paris, segundo relato publicado no portal de "O Globo" pela correspondente Deborah Berlinck, às 16h37, ficamos sabendo que:
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com festa no Instituto de Estudos Políticos de Paris - o Sciences- Po _, na França, para receber mais um título de doutor honoris causa, nesta terça-feira. Tratado como uma estrela desde sua entrada na instituição, ele foi cercado por estudantes e, aos gritos, foi saudado. Antes de chegar à sala de homenagem, em um corredor, Lula ouviu, dos franceses, a música de Geraldo Vandré, "para não dizer que eu não falei das flores.

"A sala do instituto onde ocorreu a cerimônia tinha capacidade para 500 pessoas, mas muitos estudantes ficaram do lado de fora. O diretor da universidade, Richard Descoings, abriu a cerimônia explicando que a escolha do ex-presidente tinha sido feita por unanimidade".

Em seu discurso de agradecimento, Lula disse:
"Embora eu tenha sido o único governante do Brasil que não tinha diploma universitário, já sou o presidente que mais fez universidades na história do Brasil, e isso possivelmente porque eu quisesse que parte dos filhos dos brasileiros tivesse a oportunidade que eu não tive".

Para certos brasileiros, certamente deve ser duro ouvir estas coisas. É melhor nem ficar sabendo.

Ricardo Kotscho
Blog do Ricardo Kotscho

domingo, 25 de setembro de 2011

UMA BRISA SOPROU NO PT DE PERNAMBUCO


COLETIVO PT MILITANTE é o nome do novo agrupamento formado no PT de Pernambuco. Mantendo a integração com a CNB Nacional, 100 militantes, dirigentes, parlamentares e executivos, representando diversas regiões do estado, decidiram por consenso o nome e estrutura do agrupamento. O Seminário teve a apresentação dos temas a) história da formação do agrupamento, feita por Jorge Perez, e b) Resoluções do IV Congresso Nacional do PT, por Tereza Leitão. Foram discutidas ainda campanha de filiação, organização dos setoriais do partido e eleições 2012. Ao final do Seminário foi eleita uma coordenação composta dos seguintes companheiros(as): Beatriz Gomes, Horácio Reis, Glaucus Lima, Jorge Perez, Paulo Valença e Tereza Leitão. O Seminário do COLETIVO realizou-se no dia 24/09, no auditório do SINDPD. O documento FORTALECER O PROJETO ESTRATÉGICO DO PT, lançado no final de agosto com 113 assinaturas, que deu origem ao COLETIVO, ja conta com a adesão de mais de 200 militantes.

domingo, 18 de setembro de 2011

LEMBRANÇAS DO CINE BIJOU XIII

AMARGO REGRESSO, filme de Hal Ashby, com John Voight e Jane Fonda.

Um dos filmes mais contundentes na denúncia das consequências da Guerra do Vietnã para quem foi "obrigado" a dela participar. Digo "obrigado a participar" porque mesmo entre aqueles que se alistaram voluntariamente, acreditando participar de uma ação em defesa de valores humanos, voltaram percebendo o grande mal que o poder americano provocava ao mundo e aos seus cidadãos interferindo de forma assassina na vida de um povo de outro país. .A crítica do filme é devastadora sobre os efeitos da guerra sobre os americanos.

 A guerra, contraditoriamente, contribuiu para a grande transformação que a juventude provocaria na sociedade mundial na decada de 60, através do movimento pacifista nos Estados Unidos que se somou à revolta dos jovens franceses contra a repressão de uma sociedade de valores putrefatos e a mobilização da juventude pela democracia e liberdade no leste europeu e América Latina. O período ficou marcado pela conquista de novos valores éticos, políticos  e costumes sociais em todo o planeta.

Todos aqueles que tiveram a oportunidade de viver e participar deste período histórico, seja pela via política, cultural ou de contestação dos costumes conservadores, sabem o que significa "juventude revolucionária". Não sei se em algum outro momento histórico a juventude foi tão protagonista quanto nos anos 60. Talvez seja o momento histórico onde cinema tenha sido mais reflexivo sobre o contexto social em que ele era produzido.

Há que se destacar ainda as músicas dos Rolling Stones, Beatles e Jimi Hendrix que compõe a trilha sonora do filme.

Não fosse o poder quase absoluto da mídia americana em desserviço da história e da sociedade americana, apesar da liberdade política, mas não econômica, que vigora naquele país, as lembranças e a reflexão sobre a guerra do Vietnã teriam efeitos mais saudáveis sobre a política dos EUA no Iraque, Afeganistão, etc. Depois dizem que são os brasileiros que não tem memória.

Por fim, o romance vivido pelos personagens de John Voight e Jane Fonda é emocionante e nos deixa extasiados.

Quem não assistiu sugiro buscar o DVD numa locadora de qualidade.



domingo, 11 de setembro de 2011

ONDE ESTAVA ONTEM A CORRUPÇÃO DE HOJE?




Pela falta de análise histórica e pela censura que a mídia e o conservadorismo da nossa sociedade impõe, parece que foi só nos últimos anos que a corrupção correu solta no país, desviando bilhões dos cofres públicos. Mas não é bem assim, e os corruptores e quem guarda a memória sabem disso.

De fato nos últimos tempos o assalto aos cofres públicos é explicito e se localiza diretamente nos orçamentos da União, Estados e Municípios. Mas anteriormente o assalto se realizava em outro lugar, mais escondido da sociedade, mais seguro. Aliás naquele tempo não se falava muito a palavra corrupção, usava-se o termo de favorecimentos ilícitos, gestão temerária, etc.  A corrupção estava, entre outros lugares, muito bem instalada no sistema financeiro, em particular nos bancos públicos onde os governantes de plantão usaram e abusaram deles para favorecer, em boa parte, os mesmos corruptores de hoje. Vamos lembrar.

Praticamente todos os bancos estaduais faliram por conta de empréstimos podres que foram concedidos a empresários amigos dos governantes de plantão.

O Banespa foi um dos que maior prejuízo deixou a nação. Ações do Ministério Público nunca chegaram de verdade a investigar a fundo o assalto aos cofres do Banespa e outros. O Banerj escandalizou a sociedade carioca. O Bandepe, que foi usado para construir o estádio do Arruda, e que também jogou rios de dinheiro nas mãos dos usineiros que nunca devolveram. Usineiros que faliram as usinas, mas acumularam um bom patrimônio na Avenida Boa Viagem, no Recife e financiaram boa parte dos políticos ligados à ditadura. Banco do Estado do Maranhão, cujas famílias oligárquicas secaram seus cofres. Poderiamos citar um a um todos os bancos estaduais, que sem exceção, participaram, nas décadas de 70 e 80, da farra de empréstimos a fundo perdido. Perdido pra quem? Até bancos privados foram usados para a política de favorecimento político e enriquecimento ilícito, como o Banco Econômico que na Bahia era o segundo orçamento do governo de ACM.

O prejuízo final foi parar aonde? No PROER de FHC que usou bilhões dos cofres públicos para sanear estes bancos e passa-los limpos para os banqueiros privados, nacionais e internacionais. Além dos bilhões do PROER, lembram-se da chamada parte podre dos bancos? Foram estatizados e ficaram para o Banco Central contabilizar o prejuízo.

Quantos bilhões foram aí desviados? Como se não bastasse isso, cerca de 400 mil bancários foram sumariamente demitidos, em plena recessão econômica, sem condições de encontrar outro trabalho. Muitos passaram de classe média para miseráveis. Dezenas, centenas talvez, anônimos, suicidaram-se.

Mas não foi só isso. No sistema financeiro ainda foram usados e abusados os recursos dos bancos públicos federais, que não quebraram por serem profundamente enraizados na sociedade brasileira que os sustentou. Quantos operações de crédito do Banco do Brasil, a empresários de diversos setores econômicos, particularmente da agricultura, foram usados para financiar eleição de candidatos do governo? O Banco do Nordeste, quem se lembra de Byron Queiroz, o presidente do banco preferido de FHC, que jogou o BNB na lona, e que só sobreviveu por força da luta de seus funcionários e da organização sindical. A Caixa Econômica, o BASA, o BNDS quantos bilhões emprestaram como fundo perdido. Os bilhões que o BNDS jogou nas mãos de investidores estrangeiros para comprar a preço de banana empresas estatais como a Vale do Rio Doce.

Pois é naquela época não se tratava disso propriamente como corrupção. Falava-se no lucro que banqueiros tiveram com o PROER. Mas nós sabemos que aqueles bilhões foram usados para enriquecimento ilícito e para empresários financiarem eleições dos candidatos governistas daquele período. E saíram do orçamento público. Um parênteses só para lembrar certas discussões. Bolsa família para ajudar a sobrevivência de miseráveis é assistencialismo eleitoreiro, e o PROER, foi o quê?

À medida que o sistema financeiro estadual quebrou, que a SELIC foi pra estratosfera dos 40% anuais, que era mais vantajoso para os bancos a ciranda financeira, os corruptores foram buscar os recursos diretamente no orçamento da união.

E qual o caminho que eles fizeram para chegar ao orçamento da união. Aumentaram os valores das emendas individuais dos parlamentares, instrumento criado pela ditadura militar, e estão se aproveitando que o governo Lula e Dilma aumentaram os investimentos em obras estruturadoras em todo o país. Os corruptores criaram um sistema de adentrar as licitações através de governantes e servidores corruptos. Se investigarmos a fundo os beneficiários desta atual corrupção não serão muito diversos daqueles que assaltaram os bancos públicos. E uma parte considerável de parlamentares estão diretamente envolvidos nestes “favorecimentos” de licitações. Como o crime organizado que se infiltrou nas polícias, os corruptores se infiltraram nas repartições públicas e no judiciário. Como parte do Congresso se beneficia de financiamentos de campanha com esta política, a Reforma Política não avança. É só ver quem resiste a levar adiante a reforma. Não vejam pelo discurso, mas sim pelos votos, posicionamentos lá dentro do parlamento e pelos financiadores de suas campanhas.

Acho que toda luta contra a corrupção é importante. Umas mais, outras menos. Umas sinceras e outras demagógicas. A Frente Parlamentar contra a corrupção puxada por parlamentares do DEM/PSDB e alguns do PMDB é majoritariamente formada por quem é contra a alteração do atual sistema político que os favorece eleitoralmente.

É verdade que a sociedade está incomodada com todas as denúncias de corrupção, mas o movimento que ocorreu no dia 7 de Setembro, como luta real contra a corrupção, parece não ter futuro. Os organizadores deste movimento, que não foi tão espontâneo assim (a imprensa ajudou bastante na divulgação), não conhecem (outros fingem não conhecer), e portanto não consideram, o processo histórico da formação da máquina corrupta no Brasil. Não sabem articular a luta contra a corrupção às transformações necessárias para acabar com ela como processo que se organiza historicamente. Talvez ele até contribua para mobilizar certos setores que estavam na apatia, mas se o movimento não tiver uma perspectiva política clara ou se mostrar uma faceta política conservadora, logo se esvaziará como aquele tal do CANSEI.

Veremos.