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Blog do Jorge Perez
Refletir para transformar
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
sábado, 18 de outubro de 2014
A CORAGEM E COERÊNCIA DO GOVERNADOR RAIMUNDO COLOMBO DE APOIAR DILMA NO 2º TURNO DEVEM SER RESPEITADAS
Encerrada a eleição do primeiro turno, o governador Raimundo Colombo venceu com 51, 36%, sendo desnecessário a segunda volta. No estado Aécio Neves obteve 52,89%, Dilma 30,76% e Marina 12,83%.
Li no na imprensa que o governador deveria ter uma postura de respeito com os eleitores que majoritariamente votaram para Presidente em Aécio, e portanto apoiá-lo no 2° turno. Uma opinião legítima, com uma certa lógica. Porém, na política, assim como na vida, a lógica não dá conta da realidade, muito menos uma lógica parcial com um olhar de uma só direção.
Vejamos: no primeiro turno o governador Raimundo Colombo assumiu publicamente que votaria em Dilma e, muitas vezes, afirmou agradecia a Presidente pela obras e recursos destinados a SC. E com esta posição obteve a maioria dos votos dos catarinenses. Os candidatos a governador e senador que apoiaram abertamente Aécio e Marina não tiveram a preferência da maioria dos eleitores e foram derrotados nas urnas. O PT estadual conquistou 15,56% dos votos para Cláudio Vignatti, enquanto Dilma obteve 30,76% da preferência dos catarinenses. Portanto, praticamente a metade dos votos de Dilma foram casados com Colombo. Assim, a eleição do Colombo se deu por uma soma de eleitores de Dilma, Marina e Aécio. Se usarmos a lógica formal de que Colombo tem que apoiar Aécio por que este último teve o maior número de votos entre os candidatos no 1° turno, poderíamos usar a mesma lógica formal e questionar os eleitores catarinenses que votaram Aécio e não votaram em Paulo Bauer para governador? Por que votaram em Colombo, sabendo que ele de forma pública se posicionou a favor de Dilma? Certamente por que confiam no governador, entre outros motivos pela sua transparência.
Ao assumir novamente o apoio a Dilma no segundo turno o governador não mudou de lado e nem enganou seus eleitores. Quem o elegeu sabia da sua posição. Os candidatos que defendiam Aécio e Marina é que não conseguiram ter a confiança da maioria dos catarinenses. Reafirmo, em política a lógica formal não dá conta de explicar a realidade. Mas a coerência e transparência é um atributo cobrado daqueles que querem nos representar e a sua falta pode custar caro.
Vejamos um outro exemplo, este de incoerência: o governador de SP, igualmente eleito no primeiro turno, até o dia da eleição manifestava que o fornecimento de água estava normal no estado. Dois dias depois do resultado eleitoral a SABESP divulga que há sim racionamento de água no estado e que a situação tende a piorar. Ora, o fornecimento de água é uma questão básica de saúde e condições de vida em qualquer cidade do mundo que nenhum governante pode usar eleitoralmente com mentiras. Não tenho dúvidas que a postura de negar a informação correta, de muita importância social, por parte de Alckmin, vai impactar negativamente a votação de Aécio no segundo turno em SP.
Um outro aspecto a destacar é a postura e agradecimento de Colombo a Dilma por conta do que ela fez pelo estado. Li que alguns articulistas questionaram o governador com a justificativa de que a presidente não merecia o agradecimento pois não teria feito mais do que a obrigação. Não concordo com esta argumentação. O povo brasileiro é cordial e agradecido. Qualquer um de nós quando é atendido bem por um servidor público lhe agradece pelo serviço prestado, mesmo sabendo que é sua obrigação. Não agradecer pode parecer uma postura deselegante e mal educada. Além disso, talvez o governador tenha deixado transparecer no seu agradecimento que governos anteriores não tenham cumprido com sua obrigação e por isso optava por Dilma. Mas isto merece um outro artigo comparando os cumprimentos de obrigações dos vários governos passados.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
A REDE GLOBO, AS ENTREVISTAS E O DEFEITO DE NASCIMENTO
Não assisti nenhuma das entrevistas com os presidenciáveis do Jornal Nacional. Nem a da minha candidata Dilma Roussef, mesmo tendo compartilhado a sua gravação no meu face. Não tenho mais paciência de assistir o jornal da Globo e escrevo este artigo baseado somente no que li nas redes sociais das opiniões dos apoiadores, ou não, dos candidatos.
É natural, até pelo ambiente pouco propício ao debate político de uma forma geral, que muitas das opiniões se resumem a atacar, agredir e espinafrar a fala e o desempenho dos candidatos, e todos nós sabemos que muitas destas manifestações são artificiais, de fakes, para tentar desmoralizar o candidato adversário.
Mas uma manifestação pareceu comum a todos os matizes de preferência política: a crítica da postura autoritária, prepotente e desrespeitosa dos entrevistadores Bonner e Poeta (aqueles que me cheiravam a fakes não fizeram tal reclamação).
Li um artigo, não me recordo o autor, que analisou o comportamento da Globo como uma aparente neutralidade e eqüidistância dos candidatos, tratamento igual a todos entrevistados. O autor não pensa que houve esta neutralidade, mas afirma que houve um esforço encenado.
Acredito que a Globo tenha tentado, em vão me parece, demonstrar esta neutralidade em função do crescente descrédito que a emissora "conquistou" junto à sociedade, em vários setores sociais e opiniões políticas.
No entanto, na tentativa de ser dura com todos os entrevistados, exagerando na postura desrespeitosa e autoritária, ela só conseguiu manifestar aquilo que lhe é próprio desde o nascimento. Como rede de TV que cresceu sob as benesses da ditadura, lhe apoiando incondicionalmente, a Globo sempre pareceu como porta voz do governo militar, e do Collor principalmente, pretendendo passar a imagem de quem diz a verdade, a única verdade, a verdade do poder inquestionável.
O lento declínio da Globo tem início com a crise da ditadura("a rede Globo te faz de bobo"), na democratização do país seguida da experimentação e convivência do povo com as liberdades democráticas e acesso a outras fontes de informação.
Daí, querendo aparentar uma pseudo neutralidade e credibilidade, acabou reforçando a imagem de quem, por ter quase o monopólio das transmissões, sempre disse a "verdade inquestionável" (se não saiu na Globo, não aconteceu). Com questionamentos de temas polêmicos mais dirigidos mais pra uns do que para outros, os entrevistadores se dirigiam, me parece pelas manifestações de descontentamento de apoiadores de todos os candidatos, como inquisidores já condenando. É incrível a reação quase unânime contra a postura dos âncoras do jornal. Tanto que, pelo fato de Aécio e Eduardo terem sido os primeiros entrevistados, várias manifestações eram "quero ver se com a Dilma eles vão ser duros e desrespeitosos".
A tentativa do que me pareceu ser de tentar maior credibilidade com a "neutralidade" só fez aparecer o maior defeito, adquirido no nascedouro: uma TV com espírito monolítico autoritário próprio da elite mais conservadora do Brasil que apoiou o golpe militar.
O tiro saiu pela culatra.
terça-feira, 19 de agosto de 2014
POPULARIDADE E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DE EDUARDO
Eu não nego que do ponto de vista de popularidade Eduardo estava muito bem e sua morte confirmou isso. Mas a sua relação política com o povo não se aproxima com a que Arraes possuia. Eduardo nunca teve um ato político sequer semelhante com aquele que o avô teve em defesa dos trabalhadores rurais da cana de açúcar. Popularidade não significa representação e inserção no movimento popular. Arraes tinha representatividade política porque assumia um lado na luta desigual que se travava entre trabalhadores e usineiros, mesmo com todas as contradições.
Eduardo tem popularidade porque domina e controla os principais aparelhos do estado. Controla a Assembléia Legislativa(elegeu o mesmo presidente quantas vezes quis), controla o TCE, tem forte interferência no TJ, dirige seu partido com mão de ferro (elege e destitui as direções estaduais a seu bel prazer) e, através das verbas do estado, ameniza as críticas de alguns setores da imprensa. Arraes tinha respeito do povo porque enfrentava conflitos com esses órgãos com um debate político.
Sem querer falar de ideologia política, mas de método de construção de representação popular e política, poderíamos dizer que Arraes e Lula se assemelham enquanto Eduardo se parece mais com ACM. Volto a dizer não estou usando a qualificação de esquerda e direita pra nenhum deles, mas da forma como atingiram a popularidade e representação política.
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