terça-feira, 6 de dezembro de 2011

DOIS NEURÔNIOS

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Miguel Nicolelis e Contardo Calligaris oferecem visões distintas sobre o futuro do homem
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29.11.2011 | Texto por Rodrigo Vergara (com treportagem de Tatiana Achcar) Fotos Gabriel Rinaldi

Miguel Nicolelis, Ricardo Guimarães e Contardo Calligaris
Miguel Nicolelis, Ricardo Guimarães e Contardo Calligaris

Em um debate que abriu as comemorações de 5 anos de Prêmio Transformadores e 25 anos de Trip, o neurocientista Miguel Nicolelis e o psicanalista Contardo Calligaris ofereceram visões distintas e complementares sobre o futuro do homem

Uma troca de ideias entre o neurocientista Miguel Nicolelis e o psicanalista Contardo Calligaris marcou a abertura das comemorações dos 25 anos da revista Trip e dos cinco anos do Prêmio Trip Transformadores. A partir do tema “Evolução: como estaremos em 25 anos”, os dois conversaram por cerca de duas horas no último dia 24 de outubro, em São Paulo, na presença de mais de 200 convidados – que também puderam participar do batepapo, fazendo perguntas e comentários. A ideia era debater o futuro próximo do homem a partir de duas visões distintas, com duas mentes reconhecidamente brilhantes em seus respectivos campos.
Um dos homenageados do Trip Transformadores deste ano, Miguel Nicolelis está à frente, seja na Universidade de Duke (EUA) ou no Instituto de Neurociências de Natal (RN), de algumas das pesquisas mais avançadas do mundo relacionadas à nossa capacidade cerebral – incluindo interfaces entre homem e máquina que poderão reabilitar pacientes com paralisias. Já o psicanalista e escritor italiano Contardo Calligaris, colunista da Folha de S.Paulo, firmou-se como referência nacional na espinhosa tarefa de interpretar as emoções e as relações humanas.
A fluência da interação entre os dois foi estimulada pelo mediador Ricardo Guimarães, presidente da Thymus Branding, colunista da Trip e uma das vozes mais significativas que orbitam no universo desta revista há mais de uma década. Como você verá a seguir na edição dos principais momentos da conversa, rolou uma química entre o neurocientista e o psicólogo, entre o homem do cérebro e o da consciência.
Gabriel Rinaldi
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Miguel Nicolelis
O cérebro funciona em rede
[Nicolelis] Mesmo pilares da nossa organização política e social estão sendo questionados. E aí vem uma provocação: estão sendo questionados na direção de modelos organizacionais que lembram como o cérebro da gente funciona. Por exemplo, esse movimento sem hierarquia de ocupar Wall Street, lá não tem um líder que comanda o comportamento. Você tem um processamento distribuído, em que a representação dos indivíduos não se dá mais por intermediários, é quase representação direta.
Isso lembra muito o modo como funciona um circuito neural, em que não há um neurônio chefe, que determina o comportamento dos outros. Tudo é uma propriedade emergente, tudo emerge de um grupo. A grande maioria dos fenômenos naturais, inclusive os que emergem do nosso cérebro, é propriedade emergente, que surge da interação, é imprevisível. Depende de interações não lineares de muitos elementos.
É isso que está acontecendo mundo afora. Quando você vai a Madri e pergunta aos jovens por que eles estão na praça e quem é o líder deles, eles respondem: “Não temos líder, aliás nem sabemos bem por que estamos aqui, mas não queremos o que está aí, só não sabemos o que pôr no lugar”. Esse questionamento está acontecendo em todo o mundo e é algo imprevisível, não sabemos o que vai emergir disso.
Cultura imediatista
[Calligaris] “Não acho que vivamos numa época imediatista. Não acho os jovens especialmente imediatistas. Faz parte daquelas críticas frequentes ao mundo atual. No que diz respeito ao hedonismo, hoje somos uma civilização muito oposta aos prazeres, longe do que eram culturas hedonistas. Com o imediatismo ocorre algo parecido. Parece necessário lembrar aos pais que a gente vive no presente, e lembrar inclusive a nós mesmos. Estamos inseridos numa tradição cristã na qual a vida é uma prova. A recompensa virá se você merecer, mas só no fim dos tempos.
Somos uma cultura constantemente preocupada com quais serão as consequências futuras dos nossos atos. Então eu não identifico o imediatismo como um problema, pelo menos nos jovens que eu vejo. Mesmo os jovens que fumam, bebem, se drogam, acho eles extremamente prudentes, e acho ótimo que seja assim.
“Muitos pais se esquecem de que os adolescentes estão vivendo agora, não podemos considerá-los só como promessas de um futuro”
O que dizer aos jovens?
[Calligaris] “Fui por muito tempo terapeuta de adolescentes, então lidei muito com adolescentes e pais de adolescentes, mais ou menos desesperados. Nós adultos não paramos de pensar na adolescência como um longo tempo de formação, de pensar no futuro etc. Isso é ótimo, mas chegou um ponto em que muitos pais se esquecem de que os adolescentes estão vivendo agora, não podemos considerá-los só como promessas de um futuro.
É pesado, mas pergunto aos pais de adolescentes obcecados com isso de preparar os filhos para o futuro: “Deus não queira, mas, se o seu filho morresse hoje, você poderia dizer que fez o necessário para que a vida dele até aqui tenha valido a pena, independentemente da promessa com a qual você o sobrecarregava?” Essa questão deve estar conosco o tempo inteiro.
[Nicolelis] “O que eu diria para eles é muito simples: “Seja feliz, acredite no seu taco, namore muito. E seja palmeirense”, porque a vida não pode ser só prazeres, né? A dor também nos conduz. [risos]
Homem X Computador
Gabriel Rinaldi
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Contardo Calligaris
[Nicolelis] O amor, a paixão, para nós cientistas é um fenômeno não computável. Ou seja, não existe forma de você reduzir minha paixão por uma pessoa num algoritmo de computador e graduar a valência, intensidade ou mesmo descrever computacionalmente o que isso é. Estamos à procura de explicações biológicas de como o cérebro funciona, mas temos uma barreira que até agora ninguém conseguiu nem teoricamente cruzar. A maior gama de fenômenos humanos, as emoções, são fenômenos não computáveis. O que é ótimo, porque alguma coisa tem que ser segredo, não?
Um computador pode reproduzir uma minoria dos fenômenos naturais e mesmo dos processos industriais. Tem esse movimento da singularidade, que virou religião nos Estados Unidos, que diz que, em algumas décadas, seremos superados pelas máquinas. Mas ninguém diz como essa máquina pintaria o teto da Capela Sistina ou comporia uma sinfonia como Mozart ou faria um gol como Ademir da Guia.
Os caras que vendem isso estão vendendo uma ideologia de que o ser humano é substituível. Muita gente desmerecendo o que temos de mais precioso, a natureza humana, que é não computável, não reproduzível e única. Cada um de nós tem uma existência única no universo. Então, em vez de valorizar o que temos de mais precioso, estamos sucumbindo à propaganda de que somos substituíveis.”
Amor nos tempos modernos
[Calligaris] “Os últimos 20 anos produziram mudanças comportamentais extraordinárias. A internet mudou o comportamento amoroso sexual das pessoas de uma maneira absolutamente impressionante. Para alguém que começou a clinicar nos anos 70, é impressionante o progresso. Naquela época, se alguém tinha uma fantasia sexual minimamente torta, achavam que era um monstro, a única pessoa no mundo daquele jeito. Hoje a mesma pessoa com uma fantasia sexual muito mais complexa e torta sabe que mundo afora há grupos de centenas de pessoas que sentem como ele, e ele pode se comunicar etc. Provavelmente há muitos mais pedófilos que conseguem se conter graças à possibilidade de se expressar online do que havia antes. Isso sem contar a possibilidade do encontro que a internet produziu. O número de pessoas de 60 ou 70 anos que conseguem encontrar um parceiro ou parceira é incrível, não existia antes dos anos 2000.”
O sentido da vida
[Calligaris] “A ideia de que vida seja um valor absoluto é um conceito, uma ideologia completamente recente, higienista, provavelmente do século 19. Só hoje que você pergunta para as pessoas o que é mais importante e elas respondem ‘saúde’. Um homem do século 17 diria ‘honra’. Se perguntasse a ele se morreria pela honra, a resposta seria afirmativa. Considerar que viver vale a pena a qualquer preço é uma ideia moderna, contemporânea, nem sei quanto tempo ela vai durar.”
[Nicolelis] “Tem duas coisas universais na nossa espécie: a música e a necessidade de ter uma história de como tudo começou. Os pigmeus acreditam que veio uma corda do céu e foram descendo pigmeus pela corda. Essa é a história da criação para eles. Cada um acredita numa mitologia. A música é o segundo fator que é inerente, aparentemente, a qualquer grupo de humanos, mesmo tendo vivido isolado em ilhas. Eu gosto de fantasiar que essas duas coisas de alguma forma estão relacionadas, que existe correlação na necessidade de contar uma história e de expressar suas emoções, sua vida, em tons musicais.”
“Mandamos as correntes dos neurônios para um alto-falante e surgiu uma sinfonia que ninguém jamais ouviu”
Sinfonia do cérebro
[Nicolelis] “A música teve um sentido muito importante na minha carreira. A primeira grande descoberta de que eu participei, a primeira vez que a gente registrou a atividade de cem células cerebrais ao mesmo tempo, não dava pra ver, não tinha computador para isso, mas a gente ouviu. Mandamos as correntes elétricas dos neurônios de um macaco para um alto-falante e ligamos. De repente surgiu uma sinfonia que ninguém jamais tinha ouvido. Foi o momento mais singular da minha carreira científica virar aquele botão e ouvir um cérebro, que estava na minha frente, acordado, olhando pra mim e tocando. Esse cérebro era de uma primata, minha grande Aurora, com quem eu passei mais tempo do que com meus três filhos.
Ela ia mover a mão, olhando para um objeto, mas a sinfonia do cérebro de ela me disse para onde ela ia mover a mão e a que velocidade, antes de ela começar o movimento, olhando pra mim. Ouvi o cérebro dela antes de ela realizar o movimento. Naquele milissegundo eu sabia para onde ela ia mover a mão. Foi o grande insight da minha carreira. E todo mundo em volta também viu e percebeu. E, apesar de ser um som que nenhum de nós conhecia, todo mundo sabia o que significava.”
O caos da evolução
Gabriel Rinaldi
Miguel Nicolelis
Miguel Nicolelis
[Nicolelis] “Imagine a vida da nossa espécie ou de qualquer um de nós como uma fita cassete. Se você rebobinasse essa fita até o começo da evolução da nossa espécie e soltasse a fita de novo, certamente nada do que aconteceu ia acontecer de novo. A chance de o processo evolutivo produzir a mesma sequência de eventos que nos traria nesta noite aqui é zero. Cada um de nós é uma epopeia, um romance único, um épico que jamais se repetirá.”
Libertação do cérebro
[Nicolelis] “Estamos testemunhando o começo da libertação do nosso cérebro dos limites físicos do nosso corpo. Nossa ação mental certamente não vai ser limitada pelo limite físico. O limite do nosso senso de ser não vai ser mais a última camada de epitélio. Num laboratório de experimentação de neurociência, eu posso te dar a sensação de que você está caminhando num ambiente em outro corpo, real ou virtual. E você em 5 min vai ter a sensação de que aquele corpo é o seu, não o seu real. Essa é uma ilusão visual-tátil que foi descoberta recentemente, uma ilusão que pode ser simulada muito facilmente e que demonstra quão frágil, dinâmica e fluida é essa associação com nosso corpo, apesar de termos tanta segurança de assumir que esse corpo é o nosso eu.”
Download de memória humana
[Nicolelis] “A natureza é muito pródiga em achar soluções ótimas para problemas. Mas ela tem um raro momento de desperdício. Quando cada um de nós expira, vai com a gente a narrativa desse épico único que foi nossa vida. Não há como, nem escrevendo uma autobiografia, deixar um relato fidedigno do que foi essa experiência única, emoções únicas, a vivência única. Essas percepções não são relatadas no fim da nossa vida.
Um dos meus grandes sonhos de futuro, mas num distante futuro, é que, ao término das nossas vidas, pudéssemos deixar como legado um registro eletroencefalográfico da nossa experiência, para que gerações futuras ou espécies que sigam a nossa pudessem colocar isso no iPod deles e entender precisamente o que foi a experiência humana, ouvindo a experiência de uma vida ou de muitas vidas humanas relatadas sem os filtros de linguagem, os filtros naturais que cada um de nós impõe para contar os aspectos da sua vida. Seria um enorme legado para o universo da nossa espécie. É capaz de acontecer, é tecnologicamente possível de conceber que daqui a alguns milhares de anos isso seja possível.”
O que é a felicidade
[Calligaris] “Eu não me interesso pela felicidade. Fiz essa opção muito tempo atrás. Se eu quisesse ser feliz, teria tomado as providências necessárias e estaria injetando heroína duas vezes ao dia, de manhã e à noite. Minha vida se encurtaria, mas isso não teria grande importância para mim. Eu seria propriamente feliz. Por ter trabalhado com heroinômanos que usam heroína injetável, garanto que eles são felizes. Digo isso de maneira um pouco irônica porque a indústria farmacêutica se apoderou desse conceito. Está vendendo falsas pílulas da felicidade, enquanto a única que funciona é a heroína, que ela não vende. Ainda [risos].
O que me interessa sim, muito, é ter uma vida interessante. Uma vida interessante inclui viver plenamente um monte de momentos infelizes. Nos anos 90 eu estava nos Estados Unidos, atendia lá. Foi quando saiu o primeiro grande livro sobre o Prozac. E você recebia pedidos bizarros! Tipo: ‘Meu pai foi diagnosticado com câncer. Ele tem dois anos para viver. Não estaria na hora de eu começar a tomar Prozac? Porque eu não quero ter esse negócio de luto quando ele morrer’.
“Se ser feliz é renunciar à variedade das experiências altas e baixas, então não quero ser feliz”
Eu acho que não. Quando o pai da gente morre, a gente tem que sofrer, isso significa viver plenamente e de maneira interessante. Eu não quero renunciar a essa experiência, até porque só vou tê-la uma vez. Se ser feliz é renunciar à variedade das experiências altas e baixas, que incluem sofrimentos, quando se perde um ente querido, alguém me deixa ou meu filho está doente, então não quero ser feliz.
A incapacidade dos adultos de tolerarem que um menino de 5, 6 ou 7 anos possa ser triste é um negócio assombroso e que produziu e produz um uso abusivo de medicação psiquiátrica contra a criança. Pensar “meu filho tem que ser feliz e portanto quando está triste eu o levo ao psiquiatra e forço o psiquiatra a lhe dar um remédio para o qual nem estava previsto o uso pediátrico, nem foi usado e experimentado para o uso pediátrico, sem ter ideia dos efeitos que vai ter”, eu acho isso um horror.”
[Nicolelis] “A felicidade pra mim é criar uma razão pela qual você quer acordar de manhã, sair da cama, enfrentar todo o rol de absurdos que temos que enfrentar para sobreviver, para continuar fazendo o que a gente faz.
Gabriel Rinaldi
Contardo Calligaris
Contardo Calligaris
A primeira missão do nosso sistema educacional deveria ser libertar a felicidade interior de nossas crianças. Possibilitar que essas crianças se sintam capacitadas e livres pra exercer sua imaginação, seu poder criativo e seu poder transformador da sociedade, ou seja, ‘eu sim posso mudar o mundo’. Isso devia ser a primeira pauta, meta, de qualquer sistema educacional. Não fazer prova, vestibular, avaliar, medir quantas vezes eu consigo reproduzir os bytes que meu professor colocou para mim, e na prova eu vomito tudo que ele falou de volta como sendo verdade.

A felicidade é a libertação do intelecto individual e coletivo em buscar a crença de que nessa passagem curta por esse mundo nós somos sim capazes de tomar o destino das nossas vidas nas nossas mãos e transformar o mundo. Para mim é essa definição de felicidade.”
O futuro será melhor
[Calligaris] “O mundo de hoje é muito melhor do que o mundo de 25 anos atrás. De muitos pontos de vista, quase todos. Então, talvez a gente possa contar com o fato de que o mundo daqui a 25 anos será melhor do que o mundo de hoje.”
[Nicolelis] “Apesar de todos os nossos preconceitos, vícios e pequenos desvios tropicais, acredito que o mundo vai ser melhor. E um mundo melhor curiosamente tem uma grande chance de emergir daqui [do Brasil], um lugar que, há 25 anos, a gente não acreditava que ia ser a grande esperança da humanidade. Eu literalmente acredito que abaixo do equador existe muita coisa que vai mudar o mundo nos próximos 25 anos.”


Publicada na Revista TRIP 205, de novembro/2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

AS LIBERDADES NÃO SÃO DADAS, ELAS SÃO TOMADAS






Para sabermos viver o presente não devemos ser saudosistas, mas temos que saber ser permanentemente jovens. E ser assim é trazer a experiência do passado juvenil sempre consigo e olhá-la através da experiência do presente, provocando a crítica, a comparação, a contradição, a dialética e, com tudo isso, construindo o futuro como uma experiência produzida pelo conflito dialético entre a vivência do passado com a vivência do presente. Olhar a vivência do passado com os olhos do presente e vivenciar o presente sem negar o passado, atualizando-o para as condições atuais, significa construir tradição sem ser conservador. 
O debate dos atuais acontecimentos na USP me levou a buscar entender, sob os olhos atuais, alguns fatos de maio de 68. E para ajudar nesse esforço de crítica, publico abaixo, sem maior critério de significados, muitas das frases que marcaram aquele rico período, no maio/68 francês, de movimentação juvenil.


"Irreverentes e provocadoras, de forte teor surrealista, as mensagens eram dirigidas não só ao poder, aos patrões e à polícia -mas também aos próprios estudantes e às instituições da esquerda tradicional."


"Abaixo a sociedade de consumo."
"Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo."
"A ação não deve ser uma reação, mas uma criação."
"O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime."
"Amem-se uns aos outros."
"O álcool mata. Tomem LSD."
"A anarquia sou eu."
"As armas da crítica passam pela crítica das armas."
"Parem o mundo, eu quero descer."
"A arte está morta. Nem Godard poderá impedir."
"A arte está morta, liberemos nossa vida cotidiana."
"Antes de escrever, aprenda a pensar."
"A barricada fecha a rua, mas abre a via."
"Ceder um pouco é capitular muito."
"Corram camaradas, o velho mundo está atrás de vocês."
"A cultura é a inversão da vida."
"10 horas de prazer já."
"Proibido não colar cartazes."
"Abaixo do calçamento, está a praia."
"A economia está ferida, pois que morra!"
"A emancipação do homem será total ou não será."
"O estado é cada um de nós."
“A humanidade só será feliz quando o último capitalista for enforcado com as tripas do último esquerdista.”
"A imaginação toma o poder."
"A insolência é a nova arma revolucionária."
"É proibido proibir."
"Eu tinha alguma coisa a dizer, mas não sei mais o quê."
"Eu gozo."
"Eu participo. Tu participas. Ele participa. Nós participamos. Vós participais. Eles lucram."
"Os jovens fazem amor, os velhos fazem gestos obscenos."
"A liberdade do outro estende a minha ao infinito."
"A mercadoria é o ópio do povo."
"As paredes têm ouvidos. Seus ouvidos têm paredes."
"Não mudem de empregadores, mudem o emprego da vida."
"Nós somos todos judeus alemães."
"A novidade é revolucionária, a verdade, também."
"Fim da liberdade aos inimigos da liberdade."
"O patrão precisa de ti, tu não precisas do patrão."
"Professores, vocês nos fazem envelhecer."
"Quanto mais eu faço amor, mais tenho vontade de fazer a revolução. Quanto mais faço a revolução, mais tenho vontade de fazer amor."
"A poesia está na rua."
"A política se dá na rua."
"Os sindicatos são uns bordéis."
"O sonho é realidade."
"Só a verdade é revolucionária."
"Sejam realistas, exijam o impossível."
"Tudo é Dadá."
"Trabalhador: você tem 25 anos, mas seu sindicato é de outro século."
"Abolição da sociedade de classes."
"Abram as janelas do seu coração."
"A arte está morta, não consumamos o seu cadáver. "
"Não nos prendamos ao espetáculo da contestação, mas passemos à contestação do espetáculo. "
"Autogestão da vida cotidiana"
"A felicidade é uma ideia nova."
"Teremos um bom mestre desde que cada um seja o seu."
"Camaradas, o amor também se faz na Faculdade de Ciências."
"Ainda não acabou!"
"Consuma mais, viva menos."
"O discurso é contra-revolucionário. "
"Escrevam por toda a parte!"
"Abraça o teu amor sem largar a tua arma."
"Enraiveçam-se!"
"Ser rico é se contentar com a pobreza?"
"Um homem não é estupido ou inteligente: ele é livre ou não é."
"Adoro escrever nas paredes."
"Decretado o estado de felicidade permanente."
"Milionários de todos os países, unam-se, o vento está mudando."
"Não tomem o elevador, tomem o poder."
"Revolução, eu te amo"
"Abaixo os jornalistas e todos os que querem manipular"
"Os limites impostos ao prazer excitam o prazer de viver sem limites"
"Tu, camarada, tu, que eu desconhecia por detrás das turbulências, tu, amordaçado, asfixiado, vem, fala conosco"
"Nós somos todos judeus alemães"
"Todo poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente"




Muitos  que condenam os "maconheiros" da USP hoje, gostam bastante das liberdades conquistadas pelos "drogados" da década de 60. Evidentemente não quero dizer que os anos 60 são iguais aos dias de hoje, mas historicamente quando a juventude entra em movimento sempre é por liberdade, democracia,  por criar novos valores sociais, superar o conservadorismo.  Pensemos bem nisso.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

FOLHA, ESTADO, VEJA E TELEVISÕES MINIMIZAM ESCÂNDALOS EM SÃO PAULO




No último dia 12 de outubro, este blog cobriu ato público “contra a corrupção” que começou no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, e terminou no “Centro Velho” da cidade, na praça Ramos de Azevedo, diante do Teatro Municipal de São Paulo. A matéria reproduziu respostas a um questionário que esta página apresentou aos manifestantes. Aquele questionário foi elaborado de forma a identificar possível viés político-partidário e ideológico nos integrantes da manifestação.
Das 27 entrevistas feitas com os manifestantes, 26 apontaram forte viés político-partidário, deixando ver que o que ocorria ali era produto de campanha de partidos e entidades de oposição ao governo federal. Dessas 26 entrevistas que apuraram esse fato, sete se estenderam em breves conversas entre o entrevistador e os entrevistados. Só não foram relatadas antes porque o blog esperou pelo contato com fonte da Assembléia Legislativa que só ocorreu na semana passada.
Naquelas conversas com os manifestantes “contra a corrupção”, eles foram perguntados sobre se também estavam protestando contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo. Apesar de o entrevistador ter percebido que um dos entrevistados se fez de desentendido, os outros seis pareceram sinceros ao declararem que não sabiam de nada sobre esse escândalo, o que pode ser explicado pela discretíssima e rara cobertura do assunto pela imprensa.
Para quem não sabe, aliás, explica-se que há três meses o deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP) denunciou que ao menos “um terço” dos deputados estaduais paulistas “venderiam” a “prefeitos e empresas privadas” as emendas parlamentares ao Orçamento que os governos tucanos do Estado há muito distribuem a aliados e até a um pequeno contingente de deputados “de oposição” que fontes da AL informaram ao blog (na semana passada) que são tão governistas quanto os deputados assumidamente da base do governo.
Por conta disso, a base de apoio do governo Alckmin na AL-SP está conseguindo enterrar mais esse escândalo. Na última quinta-feira, os deputados governistas conseguiram derrubar, por seis votos a dois, o funcionamento do Conselho de Ética. Segundo um funcionário da AL (que preferiu não se identificar) ouvido pelo blog no último sábado, sem uma divulgação da imprensa igual à que é feita em relação a ministros do governo Dilma investigação relevante e profunda alguma ocorrerá, como nenhuma ocorre há muito tempo em São Paulo.
A explicação que esses veículos dão em off (através de alguns de seus jornalistas que freqüentam redes sociais como Twitter ou Facebook e entram em debates com quem questiona a omissão da imprensa nos escândalos tucanos) é a de que são escândalos “regionais” e que, por isso, receberiam cobertura tão “diferenciada”, um claro eufemismo para cobertura omissa porque, a bem dos fatos, não há, em relação ao PSDB, o jornalismo “investigativo” que chega a tentar invadir domicílios em busca de “provas” contra pessoas ligadas ao governo federal.
A cobertura e fiscalização pífias da imprensa em relação ao comportamento da oposição ao governo Dilma nos Estados em que essa oposição é governo – como em São Paulo ou em Minas Gerais – se dá sob o argumento de que seriam assuntos “regionais”. Todavia, tal falácia pode ser facimente desmontada meramente lembrando o que era feito pela imprensa quando a petista Marta Suplicy ou a ex-petista Luiza Erundina governaram a capital paulista. Então, críticas e denúncias ganhavam manchetes quase diárias nos jornais supracitados e nos telejornais de alcance nacional.
A imprensa, por essa razão, não investiga o escândalo das emendas parlamentares em São Paulo, um escândalo que lança suspeitas sobre os governos tucanos que se encastelaram no poder desse Estado há quase vinte anos, suspeitas comparáveis às que desencadearam o escândalo do mensalão federal porque insinuam que os governos tucanos paulistas subornam deputados para obterem deles favores em votações na Assembléia Legislativa.
À diferença das matérias investigativas que veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e a revista Veja passaram a fazer todos os meses contra o governo federal desde o começo do governo Lula e que neste ano ganharam uma intensidade nunca vista em anos anteriores, com trabalhos de investigação se sobrepondo em várias frentes simultâneas, nenhuma das matérias sobre o governo de São Paulo, na última década, partiu da imprensa brasileira, mas, sim, da repercussão de denúncias antigas que circulam entre os aliados do governo federal ou da repercussão de investigações no exterior.
O caso Alstom é um exemplo. Contém denúncias sobre propina que teria sido paga pela empresa francesa Alstom a vários políticos do PSDB, entre eles o ex-governador Mario Covas, já falecido, e o atual governador de São Paulo, Geraldo Alkmin. As raras matérias que saíram na imprensa brasileira foram “chupadas” da mídia internacional, de veículos como Wall Street Journal e Der Spiegel, entre outros. A imprensa brasileira mesma, não investiga nada sobre esse caso.
Todavia, é um caso gravíssimo. Trata-se de escândalo que envolve muitos milhões de dólares e que tem alcance internacional. Fora do Brasil, as notícias correm soltas.  O assunto é tão sério que está sendo investigado pelo ministério público da Suíça, onde estão arrolados os nomes dos políticos tucanos aqui citados e de outros brasileiros envolvidos.
De acordo com o que consta em documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo ministério público da Suíça, no período que vai de 1998 a 2001 pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades do governo do Estado de São Paulo através de empresas offshore (empresas criadas em paraísos fiscais, onde gozam de sigilo de suas contas bancárias que dificulta investigações).
Segundo o ministério público suíço, os pagamentos teriam sido feitos utilizando-se do esquema de contratos de “consultoria de fachada”. O valor das “comissões” supostamente pagas pela Alstom em troca da assinatura de contratos pelo governo de São Paulo chegaria a aproximadamente R$ 13,5 milhões. Segundo o Ministério Público da Suíça, pelo cruzamento de informações esses trabalhos de “consultoria” foram considerados como sendo fictícios.
No período de negociação e da assinatura dos contratos de consultoria estava à frente da Secretaria de Energia de São Paulo o então genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, que deixou o cargo em janeiro de 1998 ao assumir a direção geral da Agência Nacional do Petróleo. O atual secretário de Coordenação das Subprefeituras da cidade de São Paulo, Andrea Matarazzo, que ocupou a secretaria por alguns meses, e o atual secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, também estão envolvidos.
Para que se tenha uma idéia da enormidade do caso e para que se possa mensurar a enormidade da minimização que a imprensa brasileira faz dele, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou irregular uma compra de 12 trens da Alstom no valor de R$ 223,5 milhões feita sem licitação pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa do governo de São Paulo. O contrato foi assinado em 28 de dezembro de 2005, no governo de Geraldo Alckmin.
Pergunta: você se lembra, leitor, de quando foi a última vez que recebeu uma única notícia da grande imprensa sobre esse caso?
O caso Alstom é apenas um dos muitos casos de corrupção que pesam sobre o partido que há quase duas décadas governa o segundo orçamento da União, o de São Paulo, que, como se sabe, é maior do que os orçamentos da maioria dos países da América Latina. Imagine o leitor o que faria a imprensa brasileira se houvesse um escândalo internacional contra o PT.
A imprensa daria ajuda inestimável ao ministério público suíço usando contra o PSDB esse “jornalismo investigativo” que descobre “provas” contra petistas e aliados toda semana. Contudo, é escandaloso o total desinteresse da imprensa brasileira sobre qualquer pedido de CPI entre as dezenas deles que hibernam nas gavetas da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, agora se sabe, vem sendo banhada pelos impostos dos paulistas que acabam escorrendo para o setor privado através de nada mais, nada menos do que… ONGs.
É possível concluir, então, que a única forma de os governos federal, estadual e municipal serem fiscalizados pela imprensa é sendo governos petistas, pois só estes são alvos de investigação da imprensa. Essas campanhas “jornalísticas” contra ministros, com manchetes de capa e de primeira página tomando os telejornais todos os dias e com a Justiça sendo célere, só ocorrem desse jeito. Votar no PSDB, portanto, significa conceder a políticos uma espécie de licença para roubar sob as barbas da imprensa e da Justiça.




texto assinado por:
@eduguim
Eduardo Guimarães
www.blogcidadania.com.br
06.11.2011

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

NA FALTA DE ARGUMENTOS O PSB PARTE PARA A AGRESSÃO





Recife, 10 de outubro de 2011.
Meu caro Adilson Gomes

Considero a política uma atividade livre da sociedade e a democracia garante a qualquer cidadão dela participar e emitir suas opiniões. Assim, não preciso de carteira assinada pelo governador, senador, deputado federal, estadual, prefeito ou vereador para participar, discutir e organizar a política na cidade em que vivo. Nunca precisei. Sempre me sustentei com meu trabalho de funcionário concursado do Banco do Brasil, do qual hoje sou aposentado com muito orgulho.  Só nas ditaduras é preciso haver permissão, através da carteira assinada (emprego) do governante para exprimir idéias e análises políticas.

Não quero e nem pretendo dar aulas de política a ninguém. Não sou autoridade e muito menos autoritário no assunto. Mas se quisermos fazer análises de fatos históricos é preciso questionar: em 2002 o meu partido apoiou o vitorioso Lula para Presidente da República. Naquela época o PSB lançou à Presidência o carioca Garotinho. Não precisa ser professor de política pra se pensar o que teria acontecido a Pernambuco e ao Brasil se, em vez de Lula, tivesse sido o candidato do PSB eleito.  Entre outras coisas, muito provavelmente Eduardo Campos não seria governador do estado que mais cresce no país.

E mais, na minha opinião o PSB, que participou e participa da coalizão governamental nacional encabeçada pelo PT, não deveria se aliar aos oposicionistas Sergio Guerra de Pernambuco, Aécio Neves de Minas Gerais, Kassab de São Paulo e Raimundo Colombo de Santa Catarina. A imprensa do sul constantemente divulga reuniões do governador Eduardo Campos com o governador Raimundo Colombo de Santa Catarina, cria de Jorge Bornhausen. Aliás, recentemente, fruto destas discussões com o governador de Santa Catarina, o PSB daquele estado foi entregue a uma pessoa ligada a Bornhausen. Estas ações do PSB são um direito da liberdade política existente no pais, mas não me peça para concordar com isso. Não precisa ser doutor em política para saber o que significa estas articulações do PSB a nível nacional. Aliás, estas movimentações do PSB foram preocupante tema no recente Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores.

Por fim, queria lhe dizer que uma das coisas mais importantes que fiz para Pernambuco foi ter apoiado Lula em 2002. Antes disso, também acredito que agi corretamente ao combater a entrega que Eduardo Campos fez, quando Secretário da Fazenda no último governo Arraes, da direção do Bandepe a representantes do Banco Central privatista de Fernando Henrique Cardoso. Todo mundo sabe o mal que se fez ao estado a privatização do Bandepe. Na época eu era presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Também imagino que fiz um bom trabalho ao combater a política de FHC/Jarbas Vasconcelos de destruir a assistência à saúde dos servidores públicos estaduais. Como presidente da CUT, coordenei o Fórum dos Servidores que elaborou a proposta do Sassepe e, com muita luta, instituimos esta entidade no governo Jarbas. Pernambuco é um dos únicos estados em que os servidores públicos não foram jogados nas mãos de um dos planos privados de saúde que tanto exploram a população brasileira. Quase um milhão de pernambucanos, servidores e seus familiares, tem a proteção à saúde minimamente garantida graças a esta conquista que ajudei a construir.

Adilson, como democrata respeito suas opiniões mas não vou me submeter a um debate rasteiro que você propõe. Como cidadão livre continuarei a expor minhas opiniões e, quando necessário, terei a dignidade de divergir daquilo que não concordo, sem precisar dizer amém a ninguém, a não ser a minha consciência que não está a venda por um emprego.

O PT de Pernambuco tem vontade de crescer e isto é um direito democrático. Pode ser que por conta dessa vontade o PSB se incomode, mas é o povo quem deve escolher seus governantes soberanamente. Não se preocupe. Não defendo a quebra da aliança com o PSB, mas não concordarei que se use esta aliança para fazer um jogo anti-petista.

Lamento sua postura rasteira neste debate político ao tentar me desqualificar. Sempre tive em conta você como um bom debatedor, vejo que me enganei.

Cordial abraço, 
Jorge Perez

Para entendimento de quem não acompanhou ou não conheceu a carta de Adilson Gomes, dirigente do PSB, publico abaixo matéria divulgada no BlogdaFolha, jornal Folha de Pernambuco.


Postado por Valdecarlos Alves  | Dom, 09 de Outubro de 2011 20:25
PT X PSB  ImprimirEmail
O clima azedou de vez. Dirigente do PSB em Pernambuco manda Jorge Perez 'arrumar trabalho e fazer algo útil pelo Estado'

O clima na Frente Popular de Pernambuco parece que azeda a cada instante. Não bastasse o clima de guerra entre socialistas e petistas em meio ao troca-troca partidário nos últimos dias, neste domingo, o secretário Geral do PSB de Pernambuco, Adilson Gomes, rebateu fortemente o ex-presidente estadual do PT, Jorge Perez. Em nota enviada à Imprensa, o dirigente pergunta: "Quem é esse Jorge Perez para querer dar aula de política aqui em Pernambuco? De onde foi que ele saiu? O que foi que ele já fez de útil pela sociedade ou até mesmo para as forças progressistas do Estado?

O socialista vai além e diz: "Alguém tem que dizer para esse rapaz para ele arrumar um trabalho e fazer algo que se aproveite." O contra-ataque de Adilson Gomes, é uma resposta às declarações do petista publicadas em entrevista no Jornal do Commercio deste domingo (09).

Para Adilson Gomes, Jorge Perez usa as intrigas internas dele dentro do PT para tentar desagregar a Frente Popular. "Uma coisa é a briga dele com Humberto Costa, outra muito diferente são as posições assumidas pelo PT e PSB, partidos que têm uma história de convergência sobre questões maiores que nenhuma disputa municipal pode atrapalhar, que dirá fofocas criadas por uma figura menor como esse Jorge Perez", disse.

O dirigente socialista adiantou que PT, PDT, PSB e os demais partidos da Frente Popular sabem quais são as questões realmente em disputa. E que a montagem de palanques é coisa que se resolve colocando nomes e propostas em debate. "A Frente do Recife foi construída por Arraes e Pelópidas nos anos 50. E ela sobreviveu durante todo esse tempo porque fala pelo povo do Recife e constrói entendimentos amplos", explicou Adilson.