sábado, 18 de outubro de 2014




A CORAGEM E COERÊNCIA DO GOVERNADOR RAIMUNDO COLOMBO DE APOIAR DILMA NO 2º TURNO DEVEM SER RESPEITADAS

Encerrada a eleição do primeiro turno, o governador Raimundo Colombo venceu com 51, 36%, sendo desnecessário a segunda volta. No estado Aécio Neves obteve 52,89%,  Dilma 30,76% e Marina 12,83%.
Li no na imprensa que o governador deveria ter uma postura de respeito com os eleitores que majoritariamente votaram para Presidente em Aécio, e portanto apoiá-lo no 2° turno. Uma opinião legítima, com uma certa lógica. Porém, na política, assim como na vida, a lógica não dá conta da realidade, muito menos uma lógica parcial com um olhar de uma só direção. 
Vejamos: no primeiro turno o governador Raimundo Colombo assumiu publicamente que votaria em Dilma e, muitas vezes, afirmou agradecia a Presidente pela obras e recursos destinados a SC. E com esta posição obteve a maioria dos votos dos catarinenses. Os candidatos a governador e senador que apoiaram abertamente Aécio e Marina não tiveram a preferência da maioria dos eleitores e foram derrotados nas urnas.  O PT estadual conquistou 15,56% dos votos para Cláudio Vignatti, enquanto Dilma obteve 30,76% da preferência dos catarinenses. Portanto, praticamente a metade dos votos de Dilma foram casados com Colombo. Assim, a eleição do Colombo se deu por uma soma de eleitores de Dilma, Marina e Aécio. Se usarmos a lógica formal de que Colombo tem que apoiar Aécio por que este último teve o maior número de votos entre os candidatos no 1° turno, poderíamos usar a mesma lógica formal e questionar os eleitores catarinenses que votaram Aécio e não votaram em Paulo Bauer para governador? Por que votaram em Colombo, sabendo que ele de forma pública se posicionou a favor de Dilma? Certamente por que confiam no governador, entre outros motivos pela sua transparência. 
Ao assumir novamente o apoio a Dilma no segundo turno o governador não mudou de lado e nem enganou seus eleitores. Quem o elegeu sabia da sua posição. Os candidatos que defendiam Aécio e Marina é que não conseguiram ter a confiança da maioria dos catarinenses. Reafirmo, em política a lógica formal não dá conta de explicar a realidade. Mas a coerência e transparência é um atributo cobrado daqueles que querem nos representar e a sua falta pode custar caro. 
Vejamos um outro exemplo, este de incoerência: o governador de SP, igualmente eleito no primeiro turno, até o dia da eleição manifestava que o fornecimento de água estava normal no estado. Dois dias depois do resultado eleitoral a SABESP divulga que há sim racionamento de água no estado e que a situação tende a piorar. Ora, o fornecimento de água é uma questão básica de saúde e condições de vida em qualquer cidade do mundo que nenhum governante pode usar eleitoralmente com mentiras. Não tenho dúvidas que a postura de negar a informação correta, de muita importância social, por parte de Alckmin, vai impactar negativamente a votação de Aécio no segundo turno em SP. 
Um outro aspecto a destacar é a postura e agradecimento de Colombo a Dilma por conta do que ela fez pelo estado. Li que alguns articulistas questionaram o governador com a justificativa de que a presidente não merecia o agradecimento pois não teria feito mais do que a obrigação. Não concordo com esta argumentação. O povo brasileiro é cordial e agradecido. Qualquer um de nós quando é atendido bem por um servidor público lhe agradece pelo serviço prestado, mesmo sabendo que é sua obrigação. Não agradecer pode parecer uma postura deselegante e mal educada.  Além  disso, talvez o governador tenha deixado transparecer no seu agradecimento que governos anteriores não tenham cumprido com sua obrigação e por isso optava por Dilma. Mas isto merece um outro artigo comparando os cumprimentos de obrigações dos vários governos passados.